ESPAÇO DO LEITOR: CULTO NÃO É LUGAR DE PEDIR APOIO POLÍTICO


Foto reprodução internet/Google

Maycson Rodrigues


Na prática os políticos não tem uma religião cristã, a religião deles é a política, é para tal que eles vivem e adoram, mas no jogo politico muitos fazem declarações fervorosas de devoção e de obediência a Deus.

Quando lemos a carta de Tiago no capítulo 3.1-12, vemos que os pecados verbais não deixarão de ser julgados. No entanto, especificamente no verso 1, vemos que os mestres – e aqui podemos incluir os pastores – sofrerão um juízo mais duro, considerando a responsabilidade que possuem perante Deus e sua Igreja.

O pastor Emerson Patriota terá de rever seus conceitos pra ontem, pois o que ele fez é passivo até mesmo de uma disciplina dentro da Instituição Presbiteriana – ou ao menos deveria ser.

Pedir do púlpito que os irmãos participem da criação de um partido político?
A pergunta que faço é: quem discipulou este pastor? Porque a falha no discipulado é evidente, uma vez que um líder da Igreja compromete a pureza da mesma em casos como este, misturando fé com política da maneira mais perversa possível.

O púlpito não é lugar de proselitismo político-partidário. Não se dá voz a político no púlpito do Senhor. O púlpito cristão é o lugar da pregação do evangelho!

É simplesmente inaceitável que um pastor de uma igreja tão histórica se preste a um papel desses. Seja qual for o contexto, se é porque um dos membros é deputado federal e pediu ajuda, ou ainda que um grupo formado na igreja fizesse uma requisição do gênero ou por qualquer outra razão, é altamente descabido o “aceite” pastoral e o endosso no espaço e no horário da reunião dos santos. Tal atitude revela uma compreensão eclesiológica adoecida pelo espírito do tempo.

Em tempos de polarização política e de uma série de acusações por parte de progressistas – cristãos ou não – de que a Igreja como um todo prestou apoio acrítico e institucional à campanha e eleição do atual presidente, tudo o que não precisávamos era de um vídeo tão absurdo como este.

Uma coisa é o líder usar o púlpito para pregar a Palavra e ensinar a Igreja sobre qual é a relação do cristão e a política, ou se um cristão pode assumir cargo eletivo ou coisa do gênero. O que não pode ser normatizado é um pastor que defende a tradição protestante ignorar a democracia (que é um dos frutos da cosmovisão bíblica e reformada) e instrumentalizar o próprio poder eclesiástico para fazer política “em nome de Jesus”, e ainda dizendo que o deputado tem uma “missão”, como se fosse um missionário transcultural.

Sou cristão, de pensamento político conservador e liberal na economia, contudo não posso aceitar este tipo de postura, ainda mais vindo de um pastor. Como seminarista, aproveito um fato como este para aprender sobre o que não se deve fazer no exercício do ofício pastoral.

Soube que a IPB já se posicionou em suas mídias sociais, ainda que tardiamente, pois um acontecimento como este, em tempos em que as notícias correm “full time”, a resposta bíblica e coerente deve ser dada quase horas depois do vídeo ter viralizado. E ainda espero algum tipo de atitude para com o pastor, que precisa no mínimo se arrepender publicamente do pecado verbal que cometeu.

Esperamos que os pastores sejam mais responsáveis e tementes a Deus. Esperamos que não vilipendiem o púlpito do Senhor e que façam do mesmo um lugar de se pregar Cristo, e este crucificado.
Quer ser político, pastor Patriota? Filie-se a um partido, faça sua assinatura na construção deste que apoias, mas não, não meta a Igreja de Jesus nisso.

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