foto: Revista VEJA
A revista diz, no
subtítulo da reportagem, que, em conversa com Greenwald, "hacker diz não
ter invadido celular do ministro Sérgio Moro". A reportagem segue, e Veja
reproduz um diálogo que afirma ter sido repassado pelo próprio Greenwald.
No diálogo, Greenwald
pergunta se a fonte havia lido uma reportagem da “Folha de S.Paulo” com o
título “Hacker invade celular de Moro, usa aplicativos e troca mensagens por
seis horas” e passa o link da reportagem.
Em resposta, a fonte
diz: “Posso garantir que não fomos nós. Nunca trocamos mensagens, só puxamos.
Se fizéssemos isso ia ficar muita na cara”. E acrescenta: “A notícia não condiz
com nosso modo de operar, nós acessamos telegrama com a finalidade de extrair
conversa e fazer justiça, trazendo a verdade para o povo”.
(Há uma outra versão sobre a invasão do celular de Moro. Em
depoimento à Polícia Federal, o hacker Walter Delgatti Neto, preso no dia 24,
disse que acessou a conta do ministro Sérgio Moro no Telegram mas que não
conseguiu obter nenhum conteúdo. Leia mais: "Hacker conta em
depoimento como chegou a arquivos de Deltan Dallagnol e os repassou a Glenn
Greenwald e diz que não recebeu dinheiro pelo material".)
No dia em que a
“Folha” publicou essa reportagem (5 de julho), o Intercept ainda não havia
iniciado a série de reportagens. A primeira foi publicada em 9 de junho.
Segundo a revista
"Veja", Glenn Greenwald disse que manteve contatos com a fonte desde
o início de maio e que todos os contatos foram feitos virtualmente. Ele disse
que foi apresentado à fonte por um intermediário e afirmou desconhecer a
identidade do hacker, que teria extraído as conversas vazadas do Telegram do
procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato.
“A fonte me disse
que não pagou por esses dados e não me pediu dinheiro algum em troca desse
conteúdo”, afirmou Greenwald à revista.
Depoimento
A Polícia Federal
investiga a interceptação de mensagens de autoridades, como o presidente Jair
Bolsonaro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o presidente do Senado (Davi
Alcolumbre) e o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). Quatro pessoas foram presas pela Operação
Spoofing na terça-feira (23).
Walter Delgatti, um
dos quatro presos pela Polícia Federal suspeitos de invadir celulares de
autoridades e capturar registros de conversas, disse em depoimento aos agentes que repassou dados ao jornalista
Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, de forma anônima
e não remunerada, segundo informou o jornal "O Estado de S. Paulo". A
TV Globo confirmou as informações.
Investigadores
dizem que, a partir disso, vão apurar se ele está falando a verdade ou
não. O site Intercept Brasil vem divulgando reproduções de conversas
por meio de aplicativos de celular atribuídas ao ministro
Sergio Moro e a procuradores integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato
em Curitiba.
Em nota enviada na
quarta-feira à noite, o site Intercept Brasil disse que, assim como a melhor
imprensa mundial, não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes
anônimas. Afirmou também que a operação deflagrada pela Polícia Federal
"não muda o fato de que a Constituição Federal garante o direito do
Intercept de publicar suas reportagens e manter o sigilo da fonte, mesmo
direito garantido para toda a imprensa brasileira".
Peritos do
Instituto de Criminalística da Polícia Federal estão analisando os computadores
e celulares apreendidos na operação que prendeu os quatro hackers e os dados da
quebra do sigilo bancário de Delgatti e dos outros três presos para apurar as
movimentações financeiras entre 1º de janeiro e 17 de julho deste ano.
Os investigadores
dizem que há casos em que os aparelhos foram apenas acessados e outros em que
os dados foram roubados. Ainda não se sabe qual foi o caso envolvendo cada uma
das autoridades vítimas de hackers.
Nesta sexta-feira,
os advogados de Gustavo Elias Santos e Walter Delgatti estjveram na
Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde eles estão presos. Mas
até a última atualização desta reportagem não havia confirmação de que os dois
prestaram depoimentos ou que ainda serão ouvidos.
O presidente Jair
Bolsonaro foi comunicado, segundo o Ministério da Justiça, por uma questão de
segurança nacional. Os hackers invadiram dois celulares pessoais do presidente.
Tudo indica que, apesar do ataque, não houve captura de dados.
Bolsonaro tem à
disposição vários telefones: o particular, o funcional e um aparelho
desenvolvido pelo serviço de inteligência, chamado de terminal de comunicação
seguro. O Gabinete de Segurança Institucional afirma que não tem como controlar
os telefones particulares.
"Para mim é um
crime, até que fosse o seu, o do senhor aqui, qualquer um é um crime. E eu
sempre tomei cuidado pela minha formação militar. De informações confidenciais
ou estratégicas, não falar por telefone. Até a gente afasta o telefone ou mesmo
[deixa] desligado para quando for conversar esses assuntos. Então, eu não estou
preocupado", afirmou Bolsonaro nesta sexta, antes de viajar para Goiânia.
O Supremo Tribunal
Federal foi avisado pelo ministro Sergio Moro (Justiça) de que ministros da
corte foram alvos dos hackers. Os nomes dos ministros alvos não
foram divulgados. Moro informou ter falado pessoalmente com os alvos e que
mensagens SMS e Telegram foram acessadas. O STF não vai comentar o
episódio. Pelo menos um ministro, Alexandre de Moraes, foi vítima de hackers.
O ministro do
Superior Tribunal de Justiça, João Otávio Noronha, que também foi alertado por
Moro que teve o celular invadido por hackers, disse que está tranquilo porque
não tem nada a esconder e que pouco utilizava o Telegram.
O presidente do Senado e o da Câmara também foram alvos.
O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, se declarou indignado
com a invasão de privacidade. Disse que é uma afronta aos poderes da República
e à população brasileira. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ficou
surpreso ao saber pela imprensa que foi hackeado. Oficialmente, disse que ainda
não foi notificado.
A Procuradoria Geral da República informou que,
apesar dos ataques de hackers, o telefone funcional da procuradora-geral Raquel
Dodge, chefe do Ministério Público Federal, não teve dados capturados. A PGR
disse ainda que foram identificados ataques a aparelhos utilizados por 25
integrantes do Ministério Público em todo o país. Mas que menos da metade deles
tiveram dados capturados.
A Polícia Federal
divulgou na noite de quinta, na qual esclarece que as investigações "não
têm como objeto a análise das mensagens supostamente subtraídas de celulares
invadidos" e que o conteúdo de quaisquer mensagens "será
preservado, pois faz parte de diálogos privados, obtidos por meio ilegal".
Segundo a nota da PF, "caberá à Justiça definir o destino do material,
sendo a destruição uma das opções".
Em uma rede social,
o ministro Sergio Moro falou sobre as fragilidades nos sistemas de comunicação
que permitiram a invasão dos hackers.
Sergio Moro disse
que ninguém foi hackeado por falta de cautela e que não havia sistema de
proteção hábil. Segundo ele, a vulnerabilidade detectada vai ser corrigida
graças à investigação da Polícia Federal. O ministro também disse que as
centenas de vítimas dos ataques serão identificadas e comunicadas pela polícia
ou pelo Ministério da Justiça.
fonte: O GLOBO
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