TIRANOS : os "heróis" da desgraça alheia, em nome da soberania e da pseudo democracia



(*) Taciano Medrado

Quando se fala em tirania, me vem logo à cabeça as figuras de Hitler, Saddam Hussein, Osama Bin Laden etc.., no Brasil... bem, fiquem à vontade para escolher um representante no cardápio da história recente — tem para todos os gostos: da retórica ensandecida aos atos de censura bem embalados com o laço da democracia.

Em tempos de redes sociais infladas, discursos inflamados e memórias curtas (ou seletivas), vivemos uma era em que ditadores — sim, aqueles mesmos senhores de bigodes suspeitos, ternos engomados e mãos sempre apontando para o horizonte da opressão — reaparecem sob nova roupagem: agora se dizem heróis. E mais, vestem-se com a túnica sagrada da indulgência, como se a história pudesse ser reescrita com emojis, frases de efeito e selfies em praças públicas.

A nova moda no desfile autoritário é exibir uma máscara de benevolência. Querem ser vistos como pais da pátria, mártires incompreendidos ou, pasmem, defensores da moral e dos bons costumes. Sim, aqueles mesmos que calaram a imprensa, torturaram opositores e fizeram do poder uma extensão de seus egos doentios, agora se lançam como salvadores — dos males que eles mesmos criaram.

Nos palanques da hipocrisia, cultuam-se como deuses do bem. Mas cuidado! Essa "divindade" exige sacrifícios: liberdade, democracia, pensamento crítico e, sobretudo, a memória do povo. Porque só com um povo amnésico é possível transformar algozes em santos.

Há quem diga que o mal não tem rosto. Discordamos. O mal tem rosto, fala em nome da ordem, usa frases patrióticas para esconder o despotismo e se esconde atrás das palavras "povo" e "soberania", como quem usa escudo para justificar sua guerra particular contra qualquer ameaça ao seu trono de vaidade.

Enquanto isso, seus fiéis seguidores — sempre com a Bíblia em uma mão e a clava da intolerância na outra — veneram suas perversões como se fossem virtudes. É o culto à perversão institucionalizada, onde quanto mais se mente, mais se aplaude. E quanto mais se oprime, mais se idolatra.

Ditadores modernos não precisam mais de tanques. Precisam apenas de narrativas bem embaladas, algoritmos favoráveis e uma plateia que confunda gritos de guerra com cânticos de esperança.

A história nos ensinou que todo tirano um dia cai. Mas enquanto não caem, nos brindam com o espetáculo grotesco de se apresentarem como heróis de uma história que nunca escreveram. Apenas rasgaram.

(*) Professor e analista político 

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