Pior do que a indigência é a falta de indulgência das pessoas

 

Foto criada pela equipe do TMNews do Vale com auxílio da IA

(*) Taciano Medrado

Em um mundo marcado por desigualdades gritantes, é fácil apontar a indigência como uma das maiores vergonhas sociais. Mas há algo ainda mais alarmante e menos discutido: a indigência afetiva, a miséria moral, a total falta de indulgência que se espalha entre as pessoas como uma epidemia silenciosa.

A cada esquina, encontramos alguém em situação de vulnerabilidade — sem teto, sem comida, sem acesso ao mínimo necessário para uma vida digna. No entanto, muitos dos que observam essa cena do alto de suas zonas de conforto carregam uma pobreza tão ou mais cruel: a incapacidade de compreender, perdoar, ou simplesmente estender a mão sem julgar.

A sociedade atual parece ter perdido a paciência com o erro, com a fragilidade, com a humanidade do outro. A cultura do cancelamento, do linchamento virtual, do “quem mandou?” se impõe com força. Não há espaço para escuta, para reflexão, para misericórdia. Em nome de uma suposta moralidade seletiva, a compaixão foi deixada de lado. O que resta é um julgamento frio, seco, intransigente.

Mas o que somos, afinal, sem indulgência? Sem a capacidade de compreender que todos erramos, que todos tropeçamos, que por trás de cada escolha errada há, muitas vezes, uma história invisível de dor e abandono?

Quando uma sociedade se torna incapaz de perdoar, de acolher, de dar uma segunda chance, ela se torna ela mesma indigente — mesmo que ostente arranha-céus, carros de luxo ou avanços tecnológicos. A frieza moral é uma forma de pobreza que não se vê nos bolsos, mas que corrói a alma coletiva.

O TMNews do Vale entende que é preciso, sim, lutar contra a indigência social — exigir políticas públicas, cobrar responsabilidade dos governantes, mobilizar a sociedade civil. Mas essa luta deve ser acompanhada de um movimento interno, pessoal, silencioso, porém transformador: resgatar a indulgência. Reconhecer a dor do outro sem antes apontar o dedo. Ouvir mais, julgar menos. Compreender antes de condenar.

Afinal, de que vale um mundo livre da miséria material, se continuarmos presos à miséria de espírito?


(*) Professor e redator chefe 

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