(*) Leandro Rosadas
Os hábitos de consumo dos brasileiros passaram por mudanças no último ano, o que impulsionou um novo perfil de compra nos supermercados. É o que diz o levantamento feito pela Associação Paulista de Supermercados (APAS), realizado em parceria com a empresa de inteligência de mercado Scanntech, que revelou que 71% da população modificou a rotina de compra em 2024. Entre as principais tendências, fortemente ligadas ao acesso à informação, estão a valorização da saúde e a busca por praticidade. Leandro Rosadas, especialista em gestão de supermercados, explica o efeito no setor supermercadista.
"Os mercados de bairro estão em ascensão, isso porque muitos brasileiros estão priorizando otimizar o tempo, evitando filas longas, deslocamentos maiores até as grandes redes de supermercados ou atacarejos e, principalmente, não querendo gastar muitos minutos olhando as prateleiras. Ou seja, os mercados independentes são considerados mais confortáveis e se encaixam melhor na rotina dos clientes que não dispõem de muito tempo durante o dia", explica.
Não à toa, a pesquisa feita pela APAS identificou que 57% dos brasileiros fazem compras emergenciais em supermercados de bairro. Já um estudo feito pela NielsenIQ, indica que o brasileiro frequenta mercados de bairro cerca de 74 vezes ao ano, enquanto vai apenas 16 vezes a supermercados de grandes redes. Essa alta frequência está relacionada ao comportamento apontado pela APAS, de que 48% das vendas correspondem a itens para reposição, e 37% a itens emergenciais.
"O crescimento dos mercados de bairros acontece também porque os donos dessas lojas conhecem melhor o seu público e têm uma afinidade muito maior com os fregueses. Com isso, conseguem entender com mais profundidade o que o cliente costuma comprar no dia a dia, quais produtos de maior valor agregado — como bebidas alcoólicas e cortes especiais de proteína — têm boa aceitação, além de identificar com clareza quais itens não fazem parte dos hábitos de consumo desse público”, pontua Rosadas.
O estudo feito pela Associação Paulista de Supermercados identificou três grandes prioridades nos novos hábitos dos consumidores. Além da escolha por mercados locais, 59% dos brasileiros agora preferem produtos saudáveis e 35% passaram a optar por itens mais baratos. Os dados também mostram que o consumidor deixou de buscar exclusivamente o menor preço, e agora prioriza um equilíbrio entre custo, qualidade e bem-estar.
''É importante o setor se adapte a esse novo foco vindo de uma grande parcela dos consumidores. Essa mudança deve abrir um espaço maior para os produtos que se encaixem melhor em diversas dietas. Entre os principais, estão os shakes proteicos, alimentos orgânicos e com baixo teor de gordura saturada, além de uma maior opção de frutas e verduras. Esses itens devem estar mais presentes em gôndolas, podendo alavancar a venda dos estabelecimentos”, aconselha Leandro.
(*) Leandro Rosadas é economista, escritor e especialista em gestão de supermercados, hortifrutis, atacarejos, padarias e açougues. Formado em economia pela UFRRJ, o carioca já atuou como professor universitário e consultor no mercado de varejo. Hoje, Rosadas é considerado uma das maiores referências entre os especialistas do seu segmento, sendo responsável pela formação em gestão de mais de 11 mil proprietários de supermercados Brasil afora. O especialista também é autor de 11 livros, entre eles "Luuuucro" e “Dobre o lucro do seu supermercado".
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