(*) Taciano Medrado
Olá carissimo(a)s leitore(a)s,
Fazer jornalismo no Brasil é um grande desafio para os profissionais da área. Se elogia, dizem que tá se vendendo; se critica, dizem que é parcial. Não há espaço para o equilíbrio — ou se está a favor, ou se está contra. Essa lógica binária empobrece o debate público e asfixia o jornalismo sério, aquele que busca compreender a realidade em toda a sua complexidade, sem reduzi-la a slogans ou bandeiras.
Em tempos em que a polarização política e ideológica se alastrou como praga por todos os cantos da sociedade, ser imparcial tornou-se, ironicamente, um ato de coragem. Não raro, o jornalista, o comunicador ou o cidadão que se recusa a vestir uma camisa partidária ou ideológica é rotulado de omisso, de covarde ou — o mais curioso — de “isentão”.
Essa rotulagem é, na verdade, uma tentativa preguiçosa de invalidar qualquer discurso que não esteja alinhado aos extremos. Mas sejamos francos: ser imparcial não é ser omisso — é se comprometer com a verdade, ainda que ela desagrade a todos os lados.
A imparcialidade, tão defendida nos manuais do bom jornalismo, não significa neutralidade cega. Também não é sinônimo de indiferença diante das injustiças ou de passividade diante dos fatos. Ser imparcial é, na essência, recusar a manipulação, a distorção e o fanatismo. É analisar com rigor, investigar com honestidade e informar com responsabilidade. É dar voz aos fatos e não aos delírios ideológicos que distorcem a realidade conforme os humores das bolhas digitais.
Num país como o nosso, onde a cultura da paixão política muitas vezes atropela o bom senso, o exercício da imparcialidade é visto como uma afronta. Quem denuncia a corrupção de um lado, mas se cala diante dos desvios do outro, não é imparcial: é cúmplice seletivo. E quem denuncia os dois, invariavelmente será atacado por ambos. O imparcial não tem aplausos fáceis. Não recebe tapinhas nas costas nem convites para camarotes. Ele incomoda. E justamente por isso é essencial.
Nas redações, esse dilema é cotidiano. Pressões políticas, econômicas e até sociais tentam moldar o conteúdo que chega até o público. Há quem confunda imparcialidade com “ficar em cima do muro”, como se apontar abusos de ambos os lados fosse fraqueza, e não integridade. Mas é preciso lembrar que omissão é esconder, é silenciar, é fingir que não viu. Já a imparcialidade exige olhar tudo com olhos atentos, e dizer: “Aqui está a verdade, doa a quem doer.”
Não é fácil manter esse caminho. Em uma época em que a mentira viaja à velocidade da luz e a verdade caminha com o passo lento de um repórter responsável, o imparcial é acusado de ser lento, frio ou desatualizado. Mas quem prefere a verdade à histeria sabe que, no fim das contas, é a informação correta, e não o ruído, que transforma sociedades.
Ser imparcial é ser leal à verdade. É recusar a manipulação travestida de narrativa. É enxergar o erro, seja ele pintado de vermelho, verde, azul ou amarelo. É saber que a ética não muda de cor conforme o partido. É manter-se firme quando as torcidas tentam sequestrar a razão.
O mundo não precisa de mais ecoadores de discursos prontos. Precisa de pensadores livres, de vozes críticas, de cidadãos que saibam separar convicção de fanatismo, opinião de fato, e, acima de tudo, justiça de conveniência.
Aqui, no TMNEWS DO VALE, escolhemos não ser plateia passiva dos absurdos que tentam se tornar rotina. Preferimos o incômodo da imparcialidade à comodidade da omissão. Se isso nos custa elogios fáceis ou a simpatia dos extremos, paciência. O compromisso com a verdade sempre valerá mais do que qualquer curtida nas redes ou afagos de ocasião.
Porque, no fim, ser imparcial não é ficar calado — é falar com coragem, consciência e, sobretudo, compromisso. Compromisso com você, leitor. Compromisso com os fatos. Compromisso com a verdade.
TMNEWS DO VALE – A informação que aproxima com imparcialidade, mas sem omissão.
(*) Professor e Analista político
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