Olá, estimados leitores e leitoras do TMNews do Vale.
Vivemos tempos em que a indignação coletiva com os rumos da política brasileira se tornou rotina. A corrupção, o clientelismo, a impunidade e o desprezo pelo bem comum parecem ter virado características endêmicas do cenário político nacional. Mas talvez a pergunta que precise ser feita, com coragem e sem rodeios, seja: quem está permitindo que os desonestos se instalem confortavelmente no poder?
A dura verdade — e talvez a mais desconfortável — é que a política, assim como a natureza, abomina o vácuo. Onde o bom se omite, o mau prospera. Onde o honesto se cala, o desonesto grita, aparece, se organiza, disputa, vence e governa. A frase que dá título a este editorial não é apenas uma constatação amarga — é um alerta urgente: os desonestos ocupam o lugar que os honestos deixam vago na política.
Quantos cidadãos de bem você conhece que preferem manter distância da política? Quantos dizem com orgulho que “política não é para mim” ou “não me meto com isso”? Ao mesmo tempo, quantos oportunistas, lobistas e candidatos profissionais você vê se lançando com entusiasmo em cada eleição, repetindo promessas ocas, distribuindo favores e manipulando esperanças?
A desilusão com o sistema é compreensível, mas não pode servir de desculpa para a omissão. A ausência dos honestos do debate político, dos cargos eletivos, das discussões públicas e da fiscalização constante é exatamente o que abre caminho para os espertalhões de sempre. A política não é suja por natureza — ela é suja porque foi deixada nas mãos de quem não tem pudor de sujá-la.
Não é exagero afirmar que a honestidade, hoje, precisa ser revolucionária. Ser ético, transparente, comprometido com o interesse coletivo e não com ganhos pessoais é um ato de resistência. Mas esse compromisso precisa ultrapassar o campo das intenções e ocupar o espaço das ações concretas: candidaturas limpas, engajamento cívico, participação ativa, voto consciente, cobrança firme.
É preciso romper o ciclo da desistência e entender que a mudança real só virá quando os bons deixarem de fugir da arena política como se ela fosse um lamaçal irremediável. Enquanto continuarmos a lavar as mãos, os que sujam os cofres públicos continuarão aplaudindo — e se reelegendo.
Portanto, este é um chamado, quase um grito: que os honestos deixem de ser expectadores enojados e se tornem protagonistas indignados. Que ocupem os lugares que ainda estão vagos — antes que sejam todos tomados por aqueles que transformam a política em balcão de negócios.
O país não pode mais esperar. E a política também não.
É hora de inverter o jogo.
TMNews do Vale — A informação que aproxima.
(*) Professor e analista política
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