(*) Taciano Medrado
Ah, o teatro da geopolítica internacional. Palcos luxuosos, aplausos ensaiados e, claro, sempre um personagem caricato para animar a plateia dos poderosos. E na última encenação do G7, quem roubou a cena não foi um estadista, tampouco um estrategista... mas o nosso presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, que parece ter assumido – com entusiasmo digno de Oscar – o papel de bobo da corte global.
Entre sorrisos forçados, selfies constrangedoras e discursos desconexos, Lula circulou pelos corredores do G7 como aquele convidado que ninguém lembra ter chamado, mas que insiste em contar piadas fora de hora. Foi aplaudido, sim – como se a trupe da elite mundial estivesse diante de um número de stand-up tragicômico, e não diante do líder de uma das maiores economias da América Latina.
A cena que resumiu tudo se deu durante a tradicional foto oficial dos participantes da cúpula. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se distraiu e precisou ter sua atenção chamada pelos outros líderes. Enquanto todos posavam para fotógrafos e imagens de televisão, Lula se virou de lado e iniciou uma conversa descontraída com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, ignorando solenemente que a cerimônia ainda não havia terminado. Se faltava uma metáfora visual para o seu deslocamento político no evento, ali estava: Lula, literalmente, fora do foco.
A ironia, porém, está nos detalhes: enquanto o mundo discutia inteligência artificial, defesa estratégica e o avanço da extrema-direita em democracias frágeis, Lula discursava sobre colonialismo, reclamava do "ocidente imperialista" e propunha um "G7 da paz", como se estivesse num sarau universitário dos anos 70. Faltou apenas o violão e a boina de Che Guevara.
Pior ainda o “bolo” que o presidente Donald Trump deu em Lula 3 deixando-o a ver navios. Trump deixou a reunião de cúpula do G7 no Canadá e fez Lula perder a oportunidade de abrir um diálogo que hoje não existe entre os dois países.
O presidente dos Estados Unidos decidiu antecipar seu retorno para Washington D.C. e não participou do segundo dia do encontro do G7. Pela agenda inicial, Trump participaria de um almoço com líderes de países convidados, entre eles Lula. Seria a primeira ocasião em que o republicano e o petista se encontrariam frente a frente.
E o que dizer das reuniões bilaterais? Foram poucas. Os encontros com os líderes do G7 foram protocolares, rápidos, e em boa parte, frios. Lula parecia mais interessado em agradar plateias do que dialogar com seriedade. Enquanto isso, líderes como Macron, Scholz e Biden tratavam dos interesses de seus países com firmeza e pragmatismo – algo que parece ter se perdido entre um afago ideológico e uma selfie com o Trudeau.
O Brasil, que já teve momentos de protagonismo internacional, hoje amarga uma diplomacia de espetáculo, onde o show é mais importante que os bastidores. A política externa lulista virou uma novela: longa, repetitiva e cheia de personagens que falam muito, mas resolvem pouco.
No final das contas, Lula não foi o estadista do G7. Foi o animador da festa. O bobo da corte. Aquele que diverte, mas não decide. Que aparece, mas não influencia. Que discursa, mas não convence.
E, ironicamente, talvez esse seja exatamente o papel que querem que o Brasil desempenhe no cenário global: o de uma potência inofensiva, barulhenta e simpática, mas irrelevante.
Resta saber se o povo brasileiro está disposto a aplaudir esse espetáculo por mais quatro anos.
(*) Professor e analista político
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