Juice Jacking: quando carregar o celular pode expor seus dados


(*) Bruno Cesar

Em um mundo hiperconectado, manter a bateria do celular carregada é uma necessidade quase vital. Por isso, não é raro ver pessoas utilizando estações públicas de carregamento em aeroportos, shoppings, eventos e cafeterias. Mas o que parece um recurso inofensivo pode esconder uma ameaça real e silenciosa: o juice jacking.

Esse tipo de ataque cibernético vem ganhando espaço nas discussões sobre fraudes digitais e riscos à segurança da informação, especialmente porque utiliza uma vulnerabilidade pouco discutida: o uso indevido da conexão USB. Juice jacking é um tipo de ataque no qual criminosos exploram portas USB públicas ou cabos adulterados para roubar dados ou instalar malware em dispositivos móveis. O nome vem da combinação entre “juice” (energia elétrica) e “jacking” (tomada forçada, roubo).

A técnica se baseia no fato de que o cabo USB transmite não apenas energia, mas também dados. Assim, ao conectar seu smartphone a uma porta comprometida, ele pode se tornar um ponto de entrada para acesso remoto, coleta de informações sensíveis ou até instalação silenciosa de programas maliciosos — como spywares, keyloggers e ransomwares.

Embora muitas vezes subestimado, o juice jacking já é alvo de alertas emitidos por agências de segurança, como o FBI, o Departamento de Segurança Interna dos EUA e centros de resposta a incidentes digitais na Europa. Em 2023, um alerta do Procurador-Geral da Califórnia reforçou os riscos desse tipo de ataque em pontos de grande circulação pública.

É importante entender que o ataque pode ocorrer de duas formas principais: a exfiltração de dados, em que o dispositivo transmite informações como contatos, mensagens, credenciais e arquivos sem que o usuário perceba; e a injeção de malware, em que o aparelho é infectado com softwares maliciosos que passam a monitorar ou comprometer o dispositivo após o carregamento. Em ambos os casos, o resultado é o mesmo: violação de privacidade, exposição de dados confidenciais e, em cenários corporativos, risco de comprometimento da rede interna da empresa.

Do ponto de vista da prevenção a fraudes, o juice jacking representa uma ameaça que se conecta a um ponto sensível: a fraqueza humana diante da conveniência. A exposição de dados sensíveis por meio de um carregamento malicioso pode permitir desde ataques de engenharia social, como phishing e spear phishing, até fraudes financeiras, se o criminoso tiver acesso a dados bancários, senhas ou códigos de autenticação. Para empresas, o impacto pode ser ainda maior: funcionários que conectam seus celulares corporativos ou pessoais à rede da empresa podem involuntariamente abrir portas para intrusões, vazamentos e comprometimento de sistemas críticos.

Em tempos de mobilidade digital, a mitigação desse risco passa por uma combinação de educação, boas práticas e políticas de segurança da informação. Algumas medidas simples podem fazer toda a diferença: evitar o uso de portas USB públicas, preferir tomadas elétricas convencionais com carregadores próprios, utilizar power banks, nunca usar cabos emprestados ou desconhecidos, adotar bloqueadores de dados USB, manter o dispositivo bloqueado durante o carregamento e configurar o celular para solicitar autorização antes de permitir a transmissão de dados via USB. Empresas também devem incluir esse risco em suas campanhas de conscientização interna, especialmente para equipes externas ou em home office.

O juice jacking é mais um exemplo de como a fraude digital pode estar onde menos se espera. Em tempos de transformação digital e aumento da superfície de exposição, proteger dados exige atenção constante — inclusive durante um simples carregamento de bateria. Na dúvida, pergunte-se: vale a pena correr o risco de comprometer dados sensíveis por alguns minutos de carga? 

Na cibersegurança, a prevenção ainda é a melhor forma de defesa.

(*) Bruno César Teixeira de Oliveira, com uma carreira sólida na gestão de riscos, compliance e prevenção a fraudes em instituições financeiras.

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