Avanços significativos no tratamento do câncer encerra o Congresso Anual de Oncologia




(*) Sergio Roithmann

Mais de 40 mil profissionais de todo o mundo se reuniram no Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia, para ver em primeira mão os novos estudos clínicos em cinco dias consecutivos de apresentações

É o momento de constatar os avanços científicos na luta contra o câncer. Um ritual que se repete anualmente no Centro de Eventos, ao lado do lago de Chicago, no fim da primavera americana. Neste ano, tivemos mais de 6 mil apresentações com novos dados.

O câncer continua sendo um grande desafio para a humanidade. A cada ano mais de 20 milhões de pessoas são atingidas pela doença no mundo. Um a cada cinco indivíduos vão desenvolver algum tipo de câncer ao longo da vida. Sem mencionar que existe uma grande disparidade de prognósticos em função do tipo de tumor e do país onde a doença será tratada.

Estudos mais significativos. A muito esperada sessão plenária do Congresso, no último domingo (01), reuniu os cinco estudos mais importantes num imenso hall, com cinco telões, superlotados. Três destes estudos reforçaram a importância da imunoterapia – agora utilizada nas fases mais iniciais da doença para aumentar as chances de cura em casos de câncer de cólon, estômago e nos tumores da cabeça e do pescoço.

Outro avanço muito importante é um teste chamado de biópsia líquida com pesquisa de DNA tumoral no sangue dos pacientes. Isto vai permitir avaliar melhor a resposta e adaptar rapidamente o tratamento mais adequado para cada pessoa. Por exemplo, identificar quem precisa de um tratamento complementar após uma cirurgia ou quem tem mais chance de já estar curado após o procedimento. É provável também que este tipo de teste permita modificar a forma como fazemos o rastreamento para diagnóstico precoce do câncer. Novas estratégias de diagnóstico e tratamento foram discutidas com as mesmas tecnologias.

Podemos esperar vacinas terapêuticas para alguns tipos de tumores – tecnologia parecida com a desenvolvida para as vacinas de RNA da COVID-19 –, inclusive já temos dados impressionantes nos testes iniciais em melanomas, por exemplo. Também temos estudos avançando em outros tipos de tumores, como pulmão, bexiga, rim e pâncreas.

Entre tantas novas soluções, ficou estabelecido o benefício do exercício físico como arma no combate ao câncer. Um estudo realizado principalmente no Canadá e na Austrália mostrou que após uma cirurgia de câncer de intestino, um programa monitorizado de exercícios físicos reduziu em 7% a volta da doença e aumentou a taxa de cura. Este benefício é maior que muitos tratamentos atualmente utilizados neste tipo de situação.

Uma novidade importante foi a participação maior de pacientes no Congresso deste ano. Os novos tratamentos têm muitos efeitos colaterais e difícil acesso pelo alto custo. A voz dos pacientes foi fundamental para moderar o entusiasmo dos cientistas, como ressaltou um dos presentes: “eu quero viver e não somente sobreviver”. As prioridades de cada indivíduo são muito diferentes e o nosso trabalho tem que ser centrado nas necessidades e diferenças de cada um.

Os progressos apresentados foram frutos na sua maioria de grandes estudos internacionais. Neste momento, marcado por conflitos regionais e uma guerra comercial, a ciência dá um exemplo da importância da cooperação para o enfrentamento de problemas globais. Volto para casa satisfeito, talvez até mais esperançoso, mas ciente de que ainda não chegamos à “fórmula mágica” para a cura do câncer. A vitória contra ele virá um passo de cada vez e novos (e promissores) caminhos foram abertos neste ano.

(*) Chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)

FSB Comunicação

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