A questão não é se você ama sua terra natal , mas se ela é recíproca nesse amor. O resto é puro clichê"

 


(*) Taciano Medrado

Bom dia, leitor e leitora do TMNews do Vale.

Hoje vamos falar de um tema delicado, quase romântico: o amor à terra natal. Sim, esse sentimento nobre, patriótico, que aprendemos desde pequenos — entre o hino nacional cantado em coro e a promessa de um futuro brilhante que nunca chegou. Mas vamos ao que interessa: a questão não é se você ama sua terra natal… é se ela ama você de volta.

É, meu caro, minha cara — esse é o verdadeiro dilema. Porque amar a cidade onde nasceu, cresceu, onde tem raízes e memórias é até fácil. Difícil é quando essa cidade não responde com reciprocidade aos seus filhos natos, sem reconhecer seus valores, ignorando-os e abrindo os braços e o coração para os adotados.

Nas políticas públicas — se é que existem — prefere adotar buracos no asfalto, salário atrasado, saúde pública que parece pegadinha e educação que desaprende mais do que ensina. Um roteiro digno de tragicomédia: a cidade esquece seus legítimos herdeiros e trata com tapete vermelho quem vem de fora, desde que traga um cargo comissionado ou um sobrenome de peso.

E no meio disso tudo, ainda ouvimos a já clássica: “Por amor à minha terra”, geralmente acompanhada de um coraçãozinho vermelho. Uma frase que, convenhamos, cabe melhor no perfil dos políticos oportunistas de plantão, aqueles que só aparecem de quatro em quatro anos, com promessas recicladas e sorrisos colados com cola quente.

Mas calma, não vamos ser ingratos. De vez em quando ela até manda uma pracinha nova, uma rotatória mal planejada ou um letreiro luminoso para as redes sociais. Afinal, como dizem os manuais do marketing institucional: se não tem gestão, tem que ter pelo menos uma selfie.

E enquanto você se desdobra em três para pagar seus impostos, ela segue linda — na propaganda. Porque no panfleto eleitoral ela é uma Paris tropical, um paraíso de oportunidades. No dia a dia? Bom... digamos que é mais um filme de drama com pitadas de terror administrativo.

Mas a culpa é sua, viu? Afinal, se ama, tem que aceitar com defeitos. Ou já esqueceu que “ninguém é perfeito”? Até porque, quando você reclama, sempre aparece alguém pra dizer: “Vai pra outro lugar então!” — como se mudar de CEP fosse resolver o rombo da previdência ou o sumiço da verba da merenda.

No fim das contas, a relação com a terra natal lembra aquele ex que você ainda visita nas redes sociais: um misto de saudade, raiva e uma esperança irracional de que um dia tudo vai melhorar. Mas não melhora.

E aí você segue amando — por teimosia, por memória, ou porque no fundo acredita que merecia, sim, um pouco de amor de volta.

Enquanto isso, seguimos aqui, amando do nosso jeito... e esperando reciprocidade como quem espera ônibus no ponto às 23h: com fé, resignação e uma pontinha de ironia.

E boa sorte nessa relação.

(*) Professor e Psicopedagogo

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