A Mística da Sexta-feira 13

 

Editorial Especial – TMNews do Vale

A cada vez que o calendário aponta para uma sexta-feira 13, uma aura de mistério parece pairar no ar. Seja pela superstição popular, pelas lendas urbanas ou pelas histórias de terror que atravessam gerações, o dia adquire um peso simbólico que intriga e fascina ao mesmo tempo. 

Mas de onde vem essa mística que transforma uma simples data em um fenômeno cultural tão enraizado?

A origem da sexta-feira 13 como símbolo de má sorte remonta a tempos antigos. Para os cristãos medievais, a sexta-feira já era considerada um dia nefasto — afinal, foi numa sexta que, segundo a tradição, Jesus Cristo foi crucificado. 

O número 13, por sua vez, carrega consigo o estigma de ser um número "imperfeito", por vir logo após o 12, que em várias culturas representa completude: 12 meses do ano, 12 signos do zodíaco, 12 apóstolos. Juntos, o dia e o número formam uma combinação que, para muitos, beira o mal-agouro.

Essa fama foi reforçada por episódios históricos, como o ocorrido em 1307, quando cavaleiros templários foram presos em massa na França, em uma sexta-feira 13, a mando do rei Felipe IV. Já no século XX, o cinema e a literatura deram novo fôlego ao imaginário popular com a série de filmes “Sexta-feira 13”, que transformou a data num sinônimo de horror e sangue, cristalizando na figura do assassino Jason a personificação do medo coletivo.

No entanto, por trás de toda essa superstição, existe também uma leitura simbólica interessante. A sexta-feira 13 pode ser vista como um espelho das nossas inseguranças, um reflexo do medo do imprevisto, daquilo que foge ao nosso controle. A necessidade de encontrar explicações — ainda que místicas ou irracionais — para os infortúnios do cotidiano é um traço profundamente humano.

Curiosamente, enquanto uns evitam sair de casa, marcar compromissos ou fazer grandes decisões nesse dia, outros abraçam a data como um convite ao mistério, à quebra da rotina e ao questionamento das verdades absolutas. Alguns até consideram a sexta-feira 13 um dia de sorte, uma oportunidade de reverter o padrão, transformar o temor em poder pessoal.

Independentemente da crença ou descrença, a sexta-feira 13 nos convida à reflexão. Nos desafia a confrontar nossos medos, nossos hábitos e o quanto deixamos que símbolos e crenças determinem nossos atos. Afinal, o que é realmente azar? E quantas vezes já culpamos o destino por consequências de nossas próprias escolhas?

Hoje, sexta-feira 13, talvez o maior convite não seja o de temer o desconhecido, mas o de compreendê-lo. Transformar a mística em reflexão, o medo em coragem e o mito em sabedoria. Porque, no fim das contas, a má sorte só tem poder sobre aqueles que acreditam nela mais do que acreditam em si mesmos.

TMNews do Vale — Um olhar crítico sobre as crenças que moldam nossa sociedade.

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