(*) Taciano Medrado
Existe um velho ditado que diz: "Quando um não quer, dois não brigam". Em tempos de pressa, pressão e palavras impensadas, uma habilidade tem se mostrado essencial para a harmonia entre as pessoas: o controle emocional.
Imagine, por um instante, uma granada. Um objeto pequeno, mas com potencial destrutivo enorme — e tudo depende de um detalhe: o pino. Enquanto o pino está no lugar, a granada é inofensiva. Mas se ele for retirado, a explosão é inevitável. Nas relações humanas, muitas vezes somos essa granada. Cheios de sentimentos intensos — raiva, ansiedade, frustração, medo — prontos para explodir se não soubermos segurar o pino.
Esse pino simbólico é o nosso autocontrole. É o que nos permite respirar fundo diante de uma provocação, pensar antes de reagir, escolher o diálogo em vez do grito. Quando falhamos em manter esse controle, as consequências podem ser duras: mágoas profundas, amizades desfeitas, famílias divididas, ambientes de trabalho tóxicos.
Controlar as emoções não significa ignorá-las ou escondê-las. Pelo contrário: é reconhecer o que se sente e transformar esse sentimento em uma ação inteligente. A raiva, por exemplo, pode ser canalizada em palavras firmes, porém respeitosas. O medo pode se transformar em prudência. A tristeza, em empatia.
Pessoas emocionalmente equilibradas não são frias — são conscientes. Elas constroem pontes onde outros levantam muros. Escutam mais do que reagem. Entendem que nem todo confronto vale uma explosão. E o mais importante: sabem que uma palavra dita com calma pode desarmar qualquer tempestade.
Em nossas cidades do Vale, nas escolas, nos comércios, nas rodas de amigos e até nas redes sociais, temos visto o quanto a falta de controle emocional pode gerar ruídos e afastamentos. Por isso, cultivar essa habilidade é, hoje, mais urgente do que nunca.
Na próxima vez que você sentir o “pino” prestes a sair, faça uma pausa. Respire fundo. Pergunte a si mesmo: Vale a pena essa explosão? Que tipo de marca ela vai deixar? Muitas vezes, a resposta será um silêncio cheio de sabedoria.
Que sejamos, no convívio diário, mais construtores de paz do que de discórdia. Afinal, o que nos diferencia não é o fato de termos emoções — todos temos. O que nos diferencia é como escolhemos lidar com elas.
(*) Professor e Psicopedagogo
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