(*) Taciano Medrado
Na longa e muitas vezes ingrata estrada da inovação, não é raro que o gênio seja confundido com o insano. A história está repleta de exemplos: Galileu Galilei, condenado por heresia por afirmar que a Terra girava em torno do Sol; Albert Einstein, tachado de sonhador e pouco prático quando propôs teorias que desafiavam as bases da física tradicional; ou, mais recentemente, Raul Seixas, que com suas letras provocativas e sua postura irreverente foi chamado de louco quando, na verdade, era um visionário da alma brasileira.
E entre esses grandes nomes da genialidade que ousaram pensar diferente, também deve ser lembrado o artista plástico Lêdo Ivo Gomes de Oliveira, de Juazeiro, Bahia. Suas esculturas monumentais, como a do Nego-d'Água — uma obra de mais de doze metros de altura instalada no leito do Rio São Francisco —, conhecida até na China, são expressões marcantes da cultura nordestina e do imaginário popular.
Incompreendido por muitos durante sua trajetória, Ledo Ivo permanece fiel à sua arte e identidade, sem ceder aos padrões impostos por um sistema que nem sempre reconhece o valor do que é genuinamente original.
A genialidade, quase por definição, desafia o senso comum. E o senso comum, por sua vez, teme aquilo que não compreende. Por isso, o gênio incomoda. Não porque seja arrogante ou alheio ao mundo, mas porque enxerga possibilidades onde os outros veem limites. Quando esse tipo de olhar aparece, é mais fácil rotulá-lo de “loucura” do que encarar a mudança que ele anuncia.
Neste sentido, é fundamental reconhecer: o verdadeiro gênio não precisa se explicar. Não perde tempo tentando convencer os céticos, tampouco se curva ao tribunal da opinião pública. Ele cria. Insiste. Persiste. A história se encarrega de fazer justiça — às vezes tarde demais.
Vivemos tempos em que a aparência do sucesso muitas vezes vale mais do que o conteúdo da ideia. Gênios modernos enfrentam o mesmo julgamento apressado: se não se encaixam, são “estranhos”; se desafiam convenções, são “subversivos”; se erram — como qualquer ser humano — são descartados. E mesmo assim, seguem. Porque sabem que sua missão é maior do que a compreensão imediata.
Einstein certa vez disse: “A imaginação é mais importante que o conhecimento.” Galileu foi silenciado pela Inquisição, mas suas ideias ecoam até hoje nas escolas e observatórios do mundo inteiro. Raul Seixas, com seu espírito rebelde, cantava: “Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.” Todos foram, em algum momento, incompreendidos — mas nenhum deles recuou.
É por isso que os gênios não se defendem. Continuam. Trabalham em silêncio. Constroem, mesmo sob o peso da crítica e do descrédito. E, mais cedo ou mais tarde, o mundo se curva diante da força inevitável da verdade criativa.
Talvez, o maior gesto de genialidade seja este: permanecer fiel à própria visão quando tudo à volta chama isso de loucura. Porque no fim, quem ri por último não é o gênio... é o mundo que finalmente entendeu.
(*) Professor, Psicopedagogo e juazeirense nato
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