Foto TMNews do Vale
(*) Taciano Medrado
Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou ao Planalto para seu terceiro mandato, o discurso do “Brasil voltou” ganhou muitas formas – umas simbólicas, outras bem concretas. Uma dessas formas, para surpresa de poucos e indignação de muitos, tem decolado com frequência: as viagens internacionais da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja.
É claro que a figura da primeira-dama pode — e até deve — participar de agendas institucionais. O problema é quando essas agendas passam a lembrar mais um roteiro turístico de luxo do que uma missão diplomática. O número e o custo das viagens têm chamado tanta atenção que até a Justiça Federal resolveu abandonar o silêncio conveniente e acender o alerta.
A Justiça Federal, inclusive, abriu prazo de 20 dias para que a União se manifeste oficialmente sobre os gastos da primeira-dama com essas viagens internacionais. Mais do que isso: a própria Janja foi notificada para apresentar sua defesa no processo. Em outras palavras, o que antes era apenas rumor nas redes e críticas pontuais da oposição agora se transforma em assunto judicial.
A pergunta que ecoa entre os brasileiros é simples: o que exatamente justifica tanto gasto? Janja tem representado o Brasil ou apenas aproveitado a oportunidade de estar no topo da estrutura estatal para circular em eventos internacionais, jantares de gala e encontros de "alto nível", sempre com a devida cobertura fotográfica e o charme das redes sociais?
Enquanto isso, o cidadão comum, aquele que enfrenta filas no SUS, paga impostos escorchantes e mal consegue comprar carne, observa de longe — e cada vez mais irritado — o espetáculo do “Brasil voltou” virar sinônimo de “a farra voltou”.
A crítica, é claro, sempre vem acompanhada do velho carimbo da militância governista: “machismo”, “ódio gratuito”, “fake news”. Mas quando até os órgãos de controle começam a se mover, talvez o problema não esteja na crítica – mas nos fatos.
O Brasil merece respeito. E isso inclui respeito ao dinheiro público. Representar o país não pode ser confundido com turismo de luxo em nome do amor e da estética palaciana. O cargo exige responsabilidade, sobriedade e, sobretudo, noção.
Se o presidente Lula quiser mesmo consolidar um legado neste terceiro mandato, é bom lembrar que o povo, embora paciente, não está anestesiado. A conta, mais cedo ou mais tarde, chega. E quem paga, como sempre, é o contribuinte.
(*) Professor e analista político
Não
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