É tempo de falar com cautela!

 


(*) Teobaldo Pedro

Vivemos um tempo em que a violência deixou de ser escândalo para se tornar hábito. Ela se infiltra em piadas, manchetes, sermões, timelines e púlpitos. Invade lares, escolas, parlamentos e igrejas. Está na linguagem, no tom, no olhar, na escolha deliberada de ferir. Tornou-se forma de diálogo. E tragicamente, muitos a defendem como meio legítimo para “corrigir o mundo”. Naturalizou-se a ideia de que a violência do outro justifica a nossa. Mas violência só gera mais violência. Sempre. A história nos prova isso com clareza brutal e sofrimento.

Em nome da liberdade de expressão, temos visto uma enxurrada de discursos que não libertam, apenas aprisionam, incitam, matam. A liberdade é um direito sagrado, mas exige maturidade. Exige sempre de nós responsabilidade moral. Ter voz não é salvo-conduto para ofender, humilhar ou destruir. Defender ideias e convicções não pode significar pisar sobre a dignidade do outro. Não há mérito algum em ter razão quando se faz isso empunhando palavras como lâminas. Não se constrói uma sociedade justa chamando de inimigo todo aquele que pensa diferente. A incitação ao ódio é sempre um atalho para a barbárie.

Aos que se dizem pessoas de bem, é preciso lembrar que justiça, moralidade e fé não se sustentam sem coerência. É contrassenso exigir respeito e atacar com desprezo. É hipocrisia clamar por ética e difamar sem freio. A integridade de um discurso se mede pelo modo como trata o diferente. Não se trata de neutralidade covarde, mas de firmeza corajosa que não cede à tentação da violência, mesmo quando provocada. A verdadeira força está em manter a dignidade quando o caos tenta nos arrastar para a lama da brutalidade. Ser firme não é ser cruel. Ser convicto não é ser violento. É hora de assumir esse compromisso com seriedade.

Precisamos de um novo pacto social. Um compromisso inegociável com a dignidade humana. Um freio nas palavras que, em nome da verdade, têm espalhado destruição. Ninguém está acima da responsabilidade de ser decente. Pastores, professores, jornalistas, políticos, influenciadores e cidadãos comuns: todos somos responsáveis pelo que dizemos. Quando falamos, não apenas expressamos, moldamos o mundo ao nosso redor. Incitar a violência, mesmo que veladamente, é cooperar com sua perpetuação. E quem assim o faz, será cúmplice de suas consequências. De todas elas!

Se ainda há em nós um resquício de consciência viva, que ela se levante agora. É tempo de rasgar os véus da indiferença. É tempo de lembrar que cada rosto atrás de uma tela, cada corpo do outro lado do argumento, cada vida por trás de uma estatística, é um ser humano, amado por alguém, digno de existir sem medo. E se fosse seu filho? Sua mãe? Seu irmão? Não há ideologia, doutrina ou convicção que justifique a destruição da alma do outro. Nenhuma causa justa se sustenta quando nasce do ódio. Que este seja o grito firme de quem ainda não se rendeu à barbárie. Antes que a civilidade se torne apenas uma lembrança distante do que já foi um dia.

(*) É pastor evangélico há 30 anos e tem forte atuação na área social do Vale do São Francisco, desenvolvendo diversas ações nesse segmento há três décadas, tendo sido parceiro na criação de vários projetos de inclusão em Juazeiro e região. Ele tem formação em Teologia, Psicanálise Clínica, Educação Religiosa e Filosofia. Fez especialização em Radialismo, atuando por vários anos na área. É também professor e escritor. Em 2013, ganhou o título de Dr. Honoris Causa pela Genesis University. Colunista do TMNews do Vale (Blog do professor Taciano Medrado)


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