Declarações de um parvo

(*) Taciano Medrado

A frase "Bolsonaro e seus eleitores deveriam ir pra vala", atribuída ao governador da Bahia, é um exemplo claro de como o discurso político no Brasil tem se degradado em tom e conteúdo.

A declaração ocorreu na última sexta-feira (2), durante a inauguração do novo Colégio Estadual Professora Nancy da Rocha Cardoso, no distrito de Soares, em América Dourada.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), afirmando que levaria “para a vala” os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma ‘enchedeira’. Sabe o que é uma ‘enchedeira’? Uma retroescavadeira, bota e leva tudo pra vala”, afirmou o governador no evento. (Fonte: Bahia Notícias)

Esse tipo de fala carrega um efeito bumerangue: ao tentar atingir o adversário, ela retorna contra o próprio autor, comprometendo sua autoridade moral e política. Um representante eleito, especialmente um governador de Estado, deveria se pautar por princípios democráticos e por um discurso que promova o diálogo, mesmo frente a divergências profundas.

Além disso, quando se deseja a "vala" para eleitores – cidadãos comuns que têm o direito de voto e opinião –, ultrapassa-se uma linha perigosa, que flerta com a desumanização do outro. Isso enfraquece o tecido democrático e reforça a intolerância, contribuindo para um clima político tóxico que não favorece nenhuma das partes envolvidas.

Em vez de buscar o embate agressivo, os líderes públicos deveriam investir na crítica construtiva, no enfrentamento firme, porém ético, de ideias e ações com as quais discordam. Do contrário, correm o risco de se tornarem espelhos daqueles que dizem combater.

Nota: A expressão "declarações de um parvo" significa que as falas ou afirmações feitas por alguém são consideradas tolices, bobagens ou sem sentido, ditas por uma pessoa vista como tola, ingênua ou sem inteligência — ou seja, um parvo.

(*) Professor e Psicopedagogo

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