Codevasf em Juazeiro: o acerto tardio de colocar um técnico de carreira no comando


(*) Taciano Medrado

Enfim, um funcionário de carreira assume a 6ª Superintendência Regional da Codevasf em Juazeiro. Após anos de indicações marcadas por interesses políticos, acordos de bastidores e apadrinhamentos, a nomeação do Engenheiro Agrônomo, Sérgio Coelho, servidor da própria Companhia, representa um ponto de inflexão — ainda que tardio — na condução de uma das instituições mais estratégicas para o desenvolvimento do semiárido nordestino.

Com mais de quarenta anos de experiência, Sérgio Coelho conhece a Codevasf por dentro. Ocupou cargos de destaque, como diretor da Área de Desenvolvimento Integrado e Infraestrutura e superintendente regional em Bom Jesus da Lapa (BA), além de chefiar, até recentemente, o escritório da Companhia em Salvador. Seu currículo fala por si. Mas mais do que isso: sua nomeação rompe com uma tradição nociva que afastava os quadros técnicos das decisões de maior impacto.

Durante muito tempo, a Codevasf foi transformada em moeda de troca política — prática silenciosa, mas devastadora, que comprometeu projetos, travou investimentos e distanciou a Companhia de seu papel original. O resultado? Obras paradas, má alocação de recursos, programas ineficazes e uma população à mercê de interesses alheios ao bem comum.

A chegada de um técnico à superintendência em Juazeiro representa, portanto, mais do que uma simples troca de comando. É a chance de resgatar o propósito institucional da Codevasf na região: fomentar o desenvolvimento sustentável, garantir segurança hídrica, apoiar a agricultura familiar e fortalecer a infraestrutura onde o Estado historicamente falha.

Mas não nos iludamos. Sérgio Coelho, por mais competente que seja, só terá êxito se lhe for garantida autonomia administrativa. Nomear um técnico e mantê-lo amarrado por pressões políticas é perpetuar o erro com nova roupagem. A efetividade dessa mudança depende diretamente de um ambiente institucional livre das amarras do fisiologismo e aberto à gestão com base em critérios técnicos.

Este editorial também entende que a sociedade tem papel central neste novo momento. A população do norte baiano, especialmente os pequenos produtores, ribeirinhos, assentados e comunidades tradicionais que dependem dos projetos da Codevasf, deve acompanhar de perto cada decisão, cada contrato, cada obra. A imprensa, os movimentos sociais e as universidades precisam exercer vigilância ativa, não apenas apontando falhas, mas também reconhecendo avanços.

É simbólico — e ao mesmo tempo estratégico — que essa mudança ocorra em Juazeiro, cidade historicamente ligada ao rio São Francisco e à luta por desenvolvimento digno. Uma cidade que conhece bem a importância de uma Codevasf eficiente, conectada com a realidade do sertão e gerida com seriedade.

A nomeação de Sérgio Coelho, funcionário de carreira, pode — e deve — ser o marco de uma nova fase. Não apenas na 6ª Superintendência, mas em toda a estrutura da Codevasf. Que esse gesto sirva de exemplo para outras instituições públicas, muitas das quais ainda desprezam a força dos seus quadros técnicos em nome de alianças temporárias e conveniências eleitorais.

O TMNEWS DO VALE seguirá atento. Porque quando a política dá lugar à competência, toda a sociedade ganha.

(*) Redator chefe do  TMNEWS DO VALE

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