(*) Bruno César
No último domingo (25/05), o programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu uma reportagem com o psicólogo social Jonathan Haidt, autor de best-sellers que abordam os impactos das tecnologias digitais na saúde mental dos jovens. Durante a entrevista, Haidt destacou como o uso excessivo de telas afeta meninos e meninas de formas distintas e defendeu medidas como restringir o acesso às redes sociais até os 16 anos, além de manter os quartos livres de dispositivos eletrônicos durante a noite.
A matéria também abordou a crescente adoção de políticas que limitam o uso de celulares em ambientes escolares. Cidades como o Rio de Janeiro já implementaram restrições ao uso de dispositivos móveis em sala de aula, com o objetivo de melhorar a concentração dos alunos e, consequentemente, a qualidade do ensino.
Entre os temas discutidos, foram citados os impactos do uso excessivo de telas no sono, no desenvolvimento cognitivo, na saúde mental e no desempenho acadêmico dos jovens. Especialistas reforçam a recomendação de que o uso de redes sociais seja postergado até os 16 anos e que os ambientes noturnos sejam livres de telas, criando espaços mais saudáveis para o descanso e o desenvolvimento.
Outro ponto crítico frequentemente ignorado é o acesso à pornografia, que também representa um problema relevante. As meninas são afetadas de forma mais imediata, pois são o principal alvo de pedófilos e pessoas mal-intencionadas que se aproveitam das plataformas digitais para abordagens e aliciamento. Já os meninos tendem a ser impactados mais tardiamente, por meio do consumo desses conteúdos, o que pode moldar de maneira distorcida sua visão sobre relacionamentos afetivos e sexuais. Em muitos casos, isso gera consequências na vida adulta, com o desenvolvimento de distúrbios emocionais e comportamentais.
Esse tipo de reportagem reforça um ponto de vista que venho defendendo: a necessidade urgente de uma educação digital estruturada, voltada não apenas para crianças e adolescentes, mas também para os pais. A matéria deixa claro que muitos responsáveis ainda não sabem como lidar com o tema e desconhecem os perigos da internet, em especial os riscos ocultos em camadas menos acessíveis, como a deep web e a dark web.
Frequentemente, em conversas com pais de adolescentes, percebo que quando menciono questões do meu cotidiano profissional envolvendo cibersegurança e prevenção a fraudes, muitos demonstram surpresa e desconhecimento até sobre conceitos básicos. Isso mostra como ainda há um abismo entre a realidade digital vivida pelos filhos e o entendimento que seus responsáveis têm desse universo.
É fundamental entender que, assim como o mundo evolui, a educação dos filhos também precisa evoluir, e isso inclui o conhecimento dos pais sobre os riscos de permitir o uso irrestrito de celulares, tablets e computadores. O monitoramento responsável é essencial: saber quais sites são acessados, que jogos são jogados e estabelecer horários determinados para o uso dos aparelhos são atitudes que podem fazer grande diferença na proteção e no desenvolvimento dos jovens.
Outro aspecto essencial dessa jornada não é apenas proibir o uso de dispositivos nas escolas, mas também capacitar os educadores. Professores precisam estar preparados para abordar o tema em sala de aula, promovendo uma cultura de conscientização que vá além da proibição, estimulando os alunos a compreenderem o impacto que o uso desenfreado de telas pode causar em sua saúde e aprendizado.
É urgente que a sociedade promova uma mudança de postura diante da presença massiva da tecnologia no cotidiano dos jovens. A educação digital deve ser uma prioridade nas escolas, nos lares e nas políticas públicas. Proteger não é apenas restringir, é informar, dialogar e acompanhar de forma consciente, preparando as novas gerações para lidarem com a tecnologia de forma equilibrada, crítica e segura.
(*) com uma carreira sólida na gestão de riscos, compliance e prevenção a fraudes em instituições financeiras.
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