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Água do ar-condicionado pode parecer limpa, mas não é adequada para o sistema de arrefecimento do carro; veja os riscos e o que usar no lugar
Em meio à busca por soluções mais econômicas e sustentáveis, uma dúvida comum tem surgido entre motoristas: é possível usar a água do ar-condicionado no sistema de arrefecimento do carro?
A resposta direta é não. Embora pareça limpa e abundante, essa água não atende aos requisitos necessários para garantir o bom funcionamento do motor.
Entenda por que essa prática não é recomendada, mesmo com a crescente disponibilidade desse tipo de água.
O crescimento do uso de ar-condicionado e o interesse pela água condensada
De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), o Brasil possui cerca de 36 milhões de unidades de ar-condicionado.
A previsão é que esse número salte para 160 milhões até 2050, um crescimento impulsionado pelo clima quente e pelo avanço da urbanização.
Em escala mundial, o número de aparelhos pode chegar a 5,5 bilhões no mesmo período.
Com esse avanço, cresce também o interesse por um subproduto frequentemente descartado: a água condensada liberada pelo dreno dos aparelhos.
Essa água, que escorre de forma constante em dias quentes, é vista por muitos como uma oportunidade de reaproveitamento, inclusive em carros. Mas será que essa prática é segura?
Como essa água é gerada
A água que escorre do ar-condicionado é formada pelo processo de condensação. O aparelho resfria o ar ao utilizar um fluido refrigerante.
Quando o ar quente do ambiente passa pelo evaporador, ocorre a condensação da umidade presente no ar. O resultado são gotículas de água que se acumulam e são expelidas por um dreno.
À primeira vista, essa água parece limpa. No entanto, isso não significa que ela esteja livre de riscos.
Água limpa, mas não confiável
Apesar da aparência clara, a água condensada do ar-condicionado não é potável.
Isso se deve ao fato de que ela pode conter sujeiras, fungos, poeira e micro-organismos acumulados nos dutos internos do aparelho.
Estudos já apontaram que ela não é segura para o consumo humano ou animal, embora possa ser aproveitada para outros fins.
A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), entre 2018 e 2020, realizou um estudo que confirmou a viabilidade do uso dessa água em atividades como regar plantas, lavar pisos ou para descargas sanitárias.
Com filtragem e tratamento, pode atender normas técnicas para usos não potáveis. Mas nada disso a torna segura para o motor de um veículo.
Por que não usar essa água no sistema de arrefecimento do carro
Mesmo que a água do ar-condicionado pareça limpa, ela não é adequada para o sistema de arrefecimento do carro por três motivos principais:
Falta de aditivos: O sistema de arrefecimento exige uma mistura que contenha aditivos anticorrosivos e antifervura. A água do ar-condicionado não possui essas substâncias e, por isso, não protege contra a ferrugem, cavitação ou formação de bolhas. O uso contínuo pode provocar danos internos sérios no motor.
Contaminação invisível: Essa água pode conter partículas invisíveis de sujeira, poeira, bactérias e até fungos. Esses elementos comprometem a limpeza interna do sistema e favorecem o entupimento de dutos, corroendo peças metálicas com o tempo.
Instabilidade química: Ao contrário da água desmineralizada vendida em lojas automotivas, a água do ar-condicionado não passa por um processo confiável de purificação. Ela pode conter minerais residuais e impurezas que se acumulam nas tubulações e reduzem a eficiência do sistema.
O que usar, então, no sistema de arrefecimento?
A recomendação é clara: use sempre a combinação correta de água desmineralizada (ou destilada) com aditivo específico para radiadores, respeitando a proporção indicada no manual do fabricante — geralmente uma mistura de 50% de água e 50% de aditivo.
Essa mistura protege contra:
> Corrosão das peças internas
> Formação de crostas e sujeira
> Oxidação dos metais
> Fervura e superaquecimento
> Congelamento em regiões frias
Essa é a forma segura de garantir que o motor opere em sua faixa ideal de temperatura, preservando a integridade do sistema por muitos anos.
Os riscos do uso inadequado de água no carro
Utilizar água imprópria, como a do ar-condicionado, pode provocar uma série de problemas. Entre os mais comuns estão:
> Corrosão interna do bloco do motor e do radiador
> Entupimento dos dutos, o que reduz a circulação do líquido
> Falhas na bomba d’água, que compromete o resfriamento do motor
> Superaquecimento constante, que pode levar ao empenamento da junta do cabeçote
Esses problemas geram custos altos e podem até exigir a retífica completa do motor em casos mais graves.
Reaproveitamento responsável da água do ar-condicionado
Apesar de não ser indicada para uso automotivo, a água do ar-condicionado pode sim ser reaproveitada de forma sustentável em outras áreas. O estudo da UFPB mostrou que ela é viável para:
> Irrigação de plantas
> Limpeza de pisos e quintais
> Lavagem de veículos
> Abastecimento de sistemas de descarga
A produção de água varia conforme o modelo do ar-condicionado. Um aparelho pequeno de 7.500 BTUs pode gerar 0,20 litro por hora.
Já modelos grandes, como os de 80.000 BTUs, produzem até 6,81 litros por hora. Em ambientes comerciais, esse volume se acumula rapidamente.
Alguns estados já começaram a regular esse reaproveitamento. Em Pernambuco, por exemplo, uma lei obriga prédios públicos e comerciais a coletarem essa água para usos não potáveis.
A iniciativa segue as diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, incentivando o uso eficiente dos recursos hídricos.
Uma prática comum, mas arriscada
É comum encontrar motoristas que, diante da escassez ou da economia, considerem usar qualquer tipo de água disponível para completar o nível do radiador.
No entanto, essa economia imediata pode sair cara. O uso inadequado compromete diretamente o funcionamento do motor e pode levar a problemas mecânicos graves.
Por isso, sempre que houver necessidade de completar o sistema de arrefecimento, o correto é utilizar água desmineralizada e aditivo automotivo compatível com o seu veículo. Consultar o manual do carro é a melhor forma de garantir a segurança da mistura utilizada.
A água do ar-condicionado não deve ser usada no sistema de arrefecimento do carro. Embora pareça uma alternativa prática, ela não possui as características necessárias para proteger o motor.
A prática pode trazer mais prejuízos do que benefícios, gerando danos e custos de manutenção.
Por outro lado, esse tipo de água pode ser um recurso útil em outras atividades, desde que seja destinada a usos não potáveis e com os devidos cuidados. A reutilização consciente contribui para a economia de água, mas sempre deve respeitar os limites de segurança de cada aplicação.
Concessionárias auto nas proximidade
Se a ideia é proteger o motor do seu carro, o melhor caminho ainda é seguir as orientações do fabricante e optar pelos produtos indicados. O barato, nesse caso, pode sair muito caro.
Fonte: clickpetroleoegas
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