Fotos reprodução
A Operação Narco Vela, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 29, prendeu ao menos 23 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema de tráfico internacional de drogas com veleiros. De acordo com o delegado federal Osvaldo Scalezi Júnior, pescadores e navegadores eram recrutados por traficantes para fazer o transporte dos entorpecentes, que eram levados até o alto-mar, e depois, transferidos para veleiros e embarcações maiores que pudessem levar até a costa africana e europeia.
Conforme a PF, foram expedidos pelo Juízo da 5ª Vara Federal de Santos 62 mandados de busca e apreensão, além de 31 de prisões temporárias e outros quatro de preventiva, que são cumpridos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Santa Catarina. Entre os alvos, está o influenciador e contador, Rodrigo Morgado, que acabou preso após a polícia encontrar uma arma em sua posse.
Todo o esquema envolvia o uso de equipamentos de rastreamento de satélites para facilitar a comunicação entre os envolvidos, e tinha quatro núcleos, sendo o principal deles com origem na Baixada Santista, também o principal elo com a facção criminosa. Há também o núcleo Limeira, no interior de São Paulo, que ficava responsável pela obtenção e venda da droga, que era proveniente, sobretudo, da Bolívia e Peru.
Desde que a investigação começou, em fevereiro de 2023, foram apreendidas por autoridades americanas, espanholas, francesas e brasileiras cerca de 8 toneladas de cocaína. Todas estavam em embarcações, como veleiros, lanchas e pesqueiros.
Como era realizado o tráfico de drogas
Conforme o Scalezi, chefe da Divisão de Repressão a Drogas da Polícia Federal, a equipe foi acionada pela Agência Americana de Combate às Drogas (DEA), em fevereiro de 2023 após a Guarda Costeira Americana localizar um veleiro brasileiro, com velejador também brasileiro, no qual foram encontradas 3 toneladas de cocaína.
“Era um velejador que tinha uma experiência muito grande com travessias transoceânicas e ele foi cooptado pelo tráfico. A partir do momento que ele foi cooptado pelo tráfico, ele passou a fazer transportes de grandes quantidades de cocaína. Ele recebia essa droga em alto-mar para evitar uma fiscalização por parte da Marinha Brasileira ou da Polícia Federal e, a partir do momento em que ele recebia a droga, ele realizava o transporte transoceânico”, explicou.
O velejador fazia o transporte da costa brasileira até a africana, na região de Cabo Verde, ou europeia, próximo às Ilhas Canárias, na Espanha. O suspeito colaborou com as autoridades americanas e informou sobre outros transportes, um deles interceptado pela Guarda Civil Espanhola, em 28 de julho de 2022, na Praia La Aldea, nas Ilhas Canárias. Na ocasião, foram apreendidos quase 2 toneladas do entorpecente.
“E, com base nas informações dessa apreensão, em 2022, foi possível identificar quem eram os principais responsáveis pela aquisição da droga no Brasil e pela venda dessa droga para a Europa, e aí identificaram-se os núcleos responsáveis pela logística dos transportes”, complementa o delegado.
O núcleo da Baixada Santista era responsável pelo armazenamento da droga no litoral, o transporte terrestre até pequenas lanchas, que levariam o carregamento até o alto-mar. Depois, era realizada a transferência do entorpecente para embarcações maiores, que levavam até o destino final. Antes de chegar em terra, novamente, a droga era levada para outros barcos menores e mais rápidos, que levavam até o continente.
Os demais núcleos ainda se dividiam na aquisição da droga com países produtores, e negociação de remessas para o exterior.
Apreensões de drogas
Desde que a investigação começou, quase 8 toneladas de cocaína foram apreendidas. São elas:
3.082 KG de cocaína, em fevereiro de 2023, no Veleiro Lobo IV, localizado pela Marinha Americana - a droga foi carregada em Caraguatatuba (SP) e seria entregue no continente africano;
1.962 KG de cocaína, em julho de 2022, na Vela I, localizado pela Guarda Civil Espanhola na Praia La Aldea, nas Ilhas Canárias;
2.400 KG de cocaína, em setembro de 2023, no pesqueiro Eros. Droga foi localizada pela Marinha Francesa na embarcação inicialmente identificada como Eros, mas que foi confirmada posteriormente como o pesqueiro Daiana 2;
560 KG cocaína, em maio de 2024, na Lancha KM1, localizada na Ilha de Mosqueiro, no Pará, pela Polícia Federal.
A polícia também identificou, durante a investigação, evidências de travessias marítimas ilegais do litoral paulista e do Rio Grande do Norte. Outra embarcação foi interceptada pela autoridades brasileiras na Ilha de Cotijuba, no Pará, em novembro de 2024. Durante a abordagem, os tripulantes lançaram ao mar diversos pacotes, presumivelmente contendo cocaína.
“[As apreensões] demonstram o poderio das organizações criminosas. Negociar a remessa de 8 toneladas de cocaína, isso não é exclusivo de pequenas organizações, mas sim de grandes organizações. Isso demonstra o quão lucrativa é a atividade criminosa voltada para o tráfico internacional de cocaína. Quando a Polícia Federal realiza as suas investigações, ela não procura se basear apenas nas apreensões de cocaína, mas sim no quanto essa atividade criminosa pode auferir os investigados em ganhos patrimoniais”, declarou o delegado.
Sequestro de bens e carros
Além dos mandados de prisões, a Justiça determinou o bloqueio e apreensão de bens no valor de R$ 1,32 bilhão. Entre os itens apreendidos pela Polícia Federal, estão quantias em espécie, relógios, joias e carros de luxo. Entre os veículos, está uma Ferrari, avaliada em R$ 4,5 milhões, apreendida em outro endereço relacionado ao influenciador Morgado, e um Lamborghini, localizado em Taubaté (SP).
O contador foi preso por posse ilegal de armas. Informações obtidas pelo Terra apontam que o empresário era um dos alvos da investigação e as equipes foram em direção a endereços vinculados a ele para cumprir mandados de busca e apreensão.
A reportagem do Terra tentou contato com a defesa dele, mas não teve retorno até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações.
Fonte: Terra
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