O mal é o que sai da boca do homem

 


(*) Taciano Medrado

No dia 1º de abril no plenário da Casa Aprígio Duarte Filho, Câmara de Vereadores de Juazeiro, no norte da Bahia. Após infeliz declarações do vereador Dionísio Gomes, criticando uma blitz da Polícia Militar com veículo transitando no Município, a reação da PM foi imediata e um  pelotão com dezenas de oficiais da PM adentraram no plenário da Câmara para rebaterem tais insinuações e em defesa da instituição.

As declarações do edil

“Critiquei a Blitz quando veículo transitando (…) O que eu falei da Polícia Militar foi a conduta de estar apreendendo veículos parados e em oficinais. Isso vem prejudicando o comércio, por que? Tá faltando mão de obra, que a pessoa quando compra um veículo atrasado, não é porque quer. Quem não quer comprar uma Hilux pra andar? Quem não quer comprar uma BMW?”, declarou o vereador e também inspetor da Polícia Civil da Bahia, Dionísio Gomes.

Declarações do Comandante Regional da CPRN, Coronel Wildon Reis

“Não conheço dono de pátio, não sei nem de quem se trata. Não tenho guincho, não sou dono de guincho. O que faço é polícia militar é segurança pública, recebo pra isso. Se tem alguém interessado nesse tipo de assunto será apurado. Agora denúncias vazias também serão levadas ao Ministério Público, para que se apure. O que a gente não pode deixar é um polícia de 200 anos ser maculada em determinados momentos por uma fala infeliz”, declarou.

“O mal é o que sai da boca do homem”

A frase “O mal é o que sai da boca do homem” carrega um peso moral e filosófico profundo. Ao contrário do que muitos acreditam, o mal nem sempre está em atos visíveis ou concretos — ele se manifesta, muitas vezes, de forma mais sutil e corrosiva: nas palavras que proferimos.

Vivemos numa sociedade saturada de discursos: redes sociais, programas de televisão, rodas de conversa e até mesmo púlpitos religiosos tornaram-se palcos para o julgamento, a humilhação e a propagação do ódio. E é justamente nesse cotidiano, aparentemente inofensivo, que o mal se esconde. A palavra tem poder de construção, mas também de destruição. Com ela, é possível levantar uma pessoa ou arrasá-la; criar pontes ou cavar abismos.

Ao proferir mentiras, calúnias, difamações ou discursos de ódio, o homem revela o que há de mais sombrio em seu interior. Mais do que ações isoladas, essas palavras têm consequências amplas: arruínam reputações, alimentam preconceitos, provocam violências físicas e emocionais. E o mais alarmante é que, muitas vezes, isso se dá sob a capa da liberdade de expressão — um direito nobre que vem sendo distorcido por aqueles que ignoram o dever ético que o acompanha.

O filósofo Sêneca já alertava que “a palavra é o retrato do pensamento”, e isso nos leva a refletir: quando as palavras que saem da boca de alguém são carregadas de maldade, o que dizer do que habita sua mente e seu coração? A língua, embora pequena, tem um poder incalculável. Ela pode curar, mas também pode matar — ainda que sem derramar sangue.

Num mundo em que a comunicação se tornou quase instantânea, torna-se urgente resgatar a responsabilidade sobre o que dizemos. É preciso pensar antes de falar. Avaliar se nossas palavras contribuem para o bem comum ou se são sementes de discórdia e destruição. O mal que sai da boca do homem, na maioria das vezes, não é fruto do acaso, mas da negligência moral, da falta de empatia e da ausência de reflexão.

Portanto, se há um mal a combater, ele começa na língua e se alastra pelas atitudes. Que saibamos domar o verbo antes que ele nos domine. E que, ao abrirmos a boca, sejamos instrumentos de luz — e não de escuridão.

Agora o eminente vereador terá que provar as insinuações feitas contra a PMBA, afinal é uma regra fundamental do Direito Penal e do processo penal: o ônus da prova cabe a quem acusa. Esse princípio está diretamente ligado à presunção de inocência, consagrada no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal do Brasil: "Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória."

(*) Professor, analista político e redator chefe do TMNews do Vale


Não deixe de curtir nossa página Facebook e também Instagram para acompanhar  mais notícias do TMNews do Vale (Blog do professor TM)

 

AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do TMNews do Vale (Blog do professor TM) Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.

Faça um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem