(*) Taciano Medrado
O terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula 3, que chegou com promessas de reconstrução, pacificação e combate às desigualdades, vem se tornando, cada vez mais, um terreno fértil para escândalos políticos.
A cada novo episódio, o discurso ético que embalou a campanha presidencial vai se desmanchando diante de práticas que remetem a velhos vícios da política nacional.
Primeiro, vieram os problemas envolvendo o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, herdado do governo anterior e que expôs a fragilidade do controle interno da máquina pública. Depois, escândalos de corrupção e má gestão voltaram a assombrar ministérios estratégicos.
Recentemente, Juscelino Filho, ministro das Comunicações, virou alvo de denúncias de uso irregular de recursos públicos e favorecimento pessoal com emendas parlamentares — um duro golpe para a narrativa de que "o Brasil voltaria à normalidade". Numa estratégia para blindar o governo pegou o boné vermelho e caiu fora.
Agora, a crise se aprofunda com Carlos Lupi, ministro da Previdência Social. Em meio a um dos setores mais sensíveis do governo, responsável pelo pagamento de milhões de aposentados e pensionistas, surgem suspeitas graves envolvendo a má condução de programas sociais, favorecimento político e indicações para cargos técnicos sem critérios claros além da lealdade partidária.
O desgaste veio essa semana com as investigações da Polícia Federal sobre os descontos bilionários feitos nas contas dos frágeis aposentados e pensionistas, onde já rodaram muita gente grande, como presidente do INSS Alessandro Stefanutto, que horas depois acabou sendo demitido do cargo, aos demais de cargos inferiores, além da instabilidade administrativa, o governo enfrenta um abalo de confiança junto à população, que esperava mudanças profundas em relação ao passado.
E o pior, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi alertado ainda em 2023 sobre irregularidades envolvendo descontos em benefícios de aposentados e pensionistas, mas teria demorado a agir e feito vistas grossas.
O caso de Lupi, conhecido desde os tempos do Ministério do Trabalho no governo Dilma Rousseff, quando também foi alvo de denúncias de irregularidades, reforça uma amarga sensação de déjà vu: figuras políticas controversas continuam ocupando cargos de alta responsabilidade, como se o Brasil estivesse preso a um eterno ciclo de escândalos e impunidade.
Enquanto Lula busca manter sua base aliada no Congresso por meio de uma ampla distribuição de cargos — prática que lembra o "presidencialismo de coalizão" levado ao extremo — o preço cobrado é alto: a governabilidade vem sendo conquistada à custa da credibilidade. Os interesses políticos, mais uma vez, parecem se sobrepor à ética pública e ao compromisso com uma gestão transparente e eficiente.
Por fim, o Lula 3 vai se configurando não como um novo capítulo de reconstrução nacional, mas como a repetição dos velhos erros que tanto desacreditaram a política brasileira.
Resta saber se Lula irá tentar segurar no cargo o "Cumpanheiro" Lupi, assim como fez com Juscelino ex-ministro das comunicações e até quando a sociedade brasileira tolerará este modelo de poder baseado em escândalos sucessivos e alianças pragmáticas, e que tipo de futuro será possível construir sobre essa base tão frágil. Estamos de olho!
(*) Professor e analista político
Não
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