Envelheça sem perder a alegria

(*) Teobaldo Pedro

Envelhecer bem é como ser um bom vinho: o tempo não é inimigo, mas um mestre que aprimora o sabor da vida. Antes, a velhice era vista como um fardo, mas hoje, com os avanços na medicina, na nutrição e na qualidade dos serviços de saúde, temos diante de nós a possibilidade de transformar essa fase na melhoridade. A expectativa de vida aumentou, e com ela, a chance de viver com mais plenitude, sabedoria e prazer. Não se trata de contar os anos, mas de fazer com que cada um deles conte. Aceitar essa jornada com leveza, esperança e bom humor é o primeiro passo para desfrutar tudo o que a vida ainda tem a oferecer.

O primeiro cuidado essencial para um envelhecimento saudável é o mental e emocional. A pior armadilha da terceira idade é lutar contra o inevitável e não aceitar o tempo como um aliado. Quem se recusa a encarar a idade com naturalidade acaba preso à frustração e à tristeza. O corpo não terá o mesmo vigor de antes, e a disposição para o trabalho, os esportes e até mesmo o prazer será diferente. Mas isso não significa perda, e sim adaptação. A vida continua e, para vivê-la bem, é preciso aprender a respeitar os próprios limites e encontrar novos ritmos. Reduzir o estresse, manter-se curioso e aberto ao novo são maneiras de preservar a mente saudável e a alma leve.

O segundo aspecto é a saúde física, pois o corpo é a casa onde a alma habita e precisa de cuidados. Alimentar-se bem, priorizando alimentos naturais, fortalece o sistema imunológico e retarda os efeitos do envelhecimento celular. Há quem chame de "dieta de Deus": comer apenas o que a natureza oferece, evitando os ultraprocessados. Manter-se hidratado e proteger-se do sol também são cuidados fundamentais, pois o acúmulo dos excessos da juventude cobra seu preço mais tarde. Além disso, a prática regular de exercícios ajuda a preservar a força muscular, a flexibilidade e o equilíbrio, garantindo mais autonomia e qualidade de vida. O segredo não é desafiar o tempo, mas cuidar do corpo para que ele acompanhe a jornada com dignidade.

Por fim, há o cuidado espiritual, que dá sentido à existência e nos ensina a viver melhor com os outros e conosco mesmos. Como cristão, minha relação com Jesus Cristo é parte essencial da minha caminhada, pois compreender que há um poder maior nos ajuda a aceitar nossa finitude e nos torna mais tolerantes, amorosos e generosos. A espiritualidade nos ensina que a vida não é apenas o que vemos, mas também aquilo que sentimos e acreditamos. Fortalece o coração contra as angústias e nos torna pessoas melhores para conviver, com mais paciência, compaixão e capacidade de perdoar. Ter fé não significa ignorar a realidade, mas enxergá-la com mais profundidade e encontrar nela um propósito maior.

Envelhecer bem é, portanto, um equilíbrio entre mente, corpo e espírito. Aceitar a idade com leveza prepara o coração para essa fase, cuidar da saúde física preserva a energia para vivê-la com qualidade, e cultivar a espiritualidade nos faz enxergar o tempo com sabedoria. A terceira idade não precisa ser um tempo de perdas, mas de transformações. Não é o fim da estrada, mas um novo caminho que pode ser trilhado com alegria, gratidão e plenitude. Afinal, o melhor vinho não é o mais jovem, mas aquele que soube amadurecer com graça.

(*) É pastor evangélico há 30 anos e tem forte atuação na área social do Vale do São Francisco, desenvolvendo diversas ações nesse segmento há três décadas, tendo sido parceiro na criação de vários projetos de inclusão em Juazeiro e região. Ele tem formação em Teologia, Psicanálise Clínica, Educação Religiosa e Filosofia. Fez especialização em Radialismo, atuando por vários anos na área. É também professor e escritor. Em 2013, ganhou o título de Dr. Honoris Causa pela Genesis University. Colunista do TMNews do Vale (Blog do professor Taciano Medrado)

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