(*) Taciano Medrado
No contexto da gestão pública, dizer que um prefeito é um "analfabeto funcional em gestão" significa que ele pode até conhecer o básico sobre o funcionamento da administração, mas não tem capacidade real de aplicar esse conhecimento para administrar com eficiência, tomar decisões fundamentadas ou resolver os problemas da cidade.
No vasto território brasileiro, uma triste constatação ecoa nas prefeituras: muitos dos que ocupam o cargo de prefeito são verdadeiros doutores em politicagem e, ao mesmo tempo, analfabetos funcionais em gestão pública.
A afirmação pode soar dura e ácida, mas encontra respaldo na realidade de centenas de municípios onde a administração pública está mais voltada para interesses pessoais e eleitoreiros do que para o bem-estar da população.
Ser um “doutor em politicagem” é saber manipular alianças, prometer favores, acomodar correligionários e manter um círculo de influência que garante poder e votos. É dominar os bastidores da política local, conhecer os atalhos para se manter no cargo e os meios de maquiar resultados para agradar a base eleitoral. Contudo, esse domínio estratégico raramente se traduz em competência administrativa.
A gestão pública exige planejamento, conhecimento técnico, visão estratégica e, acima de tudo, compromisso com o coletivo. Mas o que se vê com frequência é a ausência de políticas públicas eficazes, falta de transparência, improviso nas ações e um total despreparo na aplicação dos recursos. Muitos prefeitos chegam ao poder sem qualquer preparo, sem entender as responsabilidades que o cargo exige, e tratam a máquina pública como extensão de seus interesses privados.
O reflexo disso é visível nas cidades: escolas precárias, hospitais sem insumos, obras inacabadas e servidores desmotivados. A população paga o preço da má gestão, enquanto prefeitos se ocupam em manter sua rede de favores ativa, já de olho na próxima eleição. A tecnocracia cede lugar ao "compadrio", e o mérito dá lugar ao "apadrinhamento".
Romper com esse ciclo exige mais do que crítica: é preciso repensar a forma como elegemos nossos líderes, a começar pela formação acadêmica, experiência e o preparo que devem pesar mais do que carisma e promessas.
A população precisa entender que administrar uma cidade é tão complexo quanto gerir uma empresa — e que, para isso, é necessário mais do que slogans de campanha: é preciso competência.
Enquanto os “doutores em politicagem” reinarem soberanos os municípios e a população continuarão perdendo boas oportunidades de avançar em busca de uma melhor qualidade de vida de um desenvolvimento sustentável, e acima de tudo de dignidade para o povo.
Portanto, é hora de virar a chave e exigir, daqueles que aspiram a liderar, mais do que artimanhas políticas mas sim mais competência, menos politicagem e mais gestão de verdade.
(*) Professor e Analista políticos
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