(*) Taciano Medrado
No sistema democrático, o prefeito tem a responsabilidade de administrar a cidade, garantindo que as políticas públicas atendam às reais necessidades da população.
No entanto, o que deveria ser um compromisso com o interesse coletivo muitas vezes se transforma em um jogo de conveniências, onde os aliados políticos ditam as prioridades da gestão e cobram cargos para seus apadrinhados. Essa distorção compromete o desenvolvimento e enfraquece a confiança da sociedade na política.
Afinal, qual é o verdadeiro papel do prefeito?
Ele deve agir como um gestor público comprometido com o bem comum ou como um refém dos interesses daqueles que o ajudaram a chegar ao poder? Infelizmente, em muitas cidades, a segunda opção prevalece. Os cargos de confiança, as licitações e as decisões estratégicas são moldadas mais por conchavos políticos do que por critérios técnicos e pelas necessidades reais da população.
A política do toma Lá, Dá Cá
Um dos maiores problemas das gestões municipais é a prática do "toma lá, dá cá".
Ao assumir o mandato, muitos prefeitos se veem pressionados a retribuir favores políticos. Vereadores e deputados que garantiram apoio na campanha exigem indicações de cargos e privilégios para seus aliados. Empresários que financiaram a candidatura esperam vantagens em contratos públicos. O resultado? Uma administração comprometida não com o povo, mas com interesses particulares.
Essa dinâmica cria um governo ineficiente, onde as prioridades da cidade são colocadas em segundo plano. Em vez de investir em saúde, educação e infraestrutura, os recursos são desviados para projetos que beneficiam apenas uma minoria influente. O orçamento municipal, que deveria ser planejado de forma responsável, passa a ser manipulado para atender a interesses políticos.
O cidadão fica em segundo plano
Enquanto prefeitos e aliados se preocupam em manter suas redes de influência, a população sofre. As filas nos hospitais aumentam, as escolas carecem de estrutura e as ruas permanecem esburacadas e fétidas pelo mau cheiro exalado dos esgotos que correm a céu aberto. E, quando os cidadãos cobram melhorias, recebem desculpas vazias ou promessas eleitoreiras.
A prefeitura deveria ser um espaço de gestão eficiente e transparente, onde as políticas públicas fossem definidas com base em dados e necessidades reais. No entanto, muitas vezes, ela se transforma em um balcão de negócios, onde apenas os "amigos do rei" têm vez.
O caminho para uma gestão verdadeiramente popular
Para reverter esse quadro, é fundamental que os eleitores escolham líderes comprometidos com a ética e a eficiência administrativa.
Um prefeito sério deve ter independência para governar sem se tornar refém de interesses escusos. Isso exige coragem para enfrentar pressões políticas e compromisso com a transparência na gestão pública.
Além disso, a participação popular deve ser fortalecida. Conselhos municipais, audiências públicas e mecanismos de controle social são essenciais para garantir que as decisões da prefeitura reflitam as reais demandas da população. Só assim será possível romper com o ciclo de governos voltados para a autopreservação e construir uma administração que sirva, de fato, ao interesse público.
Por fim, em uma democracia verdadeira, o prefeito não pode ser um mero executor de caprichos políticos. Seu dever é com o povo, e sua missão é governar para todos, sem privilégios, sem favorecimentos, sem esquemas.
A cidade pertence aos cidadãos, não a um grupo seleto de aliados.
(*) Professor, redator-chefe e analista político
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