A Nova Era dos Prefeitos TikTok: Popularidade ou Gestão?




(*) Taciano Medrado

Vivemos tempos em que a política parece cada vez mais adaptada ao entretenimento. A chegada de prefeitos à plataforma TikTok simboliza uma nova era em que gestores públicos não apenas administram suas cidades, mas também dançam, fazem trends e viralizam em vídeos curtos. 

Embora entendemos que a presença digital seja importante para aproximar políticos da população, é crucial refletir: essa nova tendência está fortalecendo a democracia ou mascarando problemas de gestão?

Os prefeitos TikTokers representam uma ruptura com a tradicional imagem de gestores sérios e focados apenas em questões administrativas. 

De um lado, isso pode ser positivo. As redes sociais têm o poder de tornar a política mais acessível e de criar um diálogo direto com a população, especialmente com os jovens. Prefeitos que explicam projetos, mostram obras em andamento ou dão respostas rápidas a problemas locais conseguem, de fato, engajar o cidadão comum em debates importantes.

No entanto, a popularidade digital não pode substituir a eficácia administrativa. Muitos gestores priorizam a criação de conteúdo para redes sociais enquanto as demandas reais de suas cidades continuam sem solução. 

É comum vermos vídeos alegres em cidades que enfrentam graves problemas de infraestrutura, saúde e educação. Enquanto os prefeitos dançam para ganhar curtidas, a coleta de lixo atrasa, hospitais ficam sem médicos e escolas continuam em ruínas. 

O que é mais preocupante: a política-espetáculo muitas vezes desvia o foco da real avaliação de suas gestões.

Além disso, a viralização no TikTok pode transformar a política em algo superficial. O engajamento que deveria ser utilizado para promover debates relevantes, muitas vezes, é explorado apenas para construir imagens pessoais carismáticas, sem compromisso com resultados concretos. A governança se perde em meio aos filtros e coreografias, e a população, hipnotizada pelo espetáculo, deixa de cobrar o que realmente importa.

Estamos diante de um desafio: 

Como equilibrar a comunicação digital com a responsabilidade administrativa? 

A popularidade online precisa ser acompanhada de ações tangíveis que melhorem a vida da população. O TikTok pode ser uma ferramenta poderosa, mas, sozinho, não constrói estradas, não melhora o transporte público e não resolve problemas históricos.

A “nova era dos prefeitos TikTok” exige vigilância. Não podemos permitir que a gestão pública seja transformada em uma corrida por likes enquanto o básico fica abandonado. 

E por fim deixo um alerta: É preciso relembrar que liderar uma cidade é mais do que estar em alta nos algoritmos; é, acima de tudo, entregar resultados para quem realmente importa: o povo.

(*) Professor e analista político

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