Todos conhecem, ou já ouviram na linda canção da dupla sertaneja, Zezé de Camargo & Luciano, chamada "Flores em Vida", cuja letra nos leva a uma importante reflexão e provocativa, sobre como tratamos as pessoas enquanto estão vivas.
A prática de dar flores, simbolizando sentimentos que, muitas vezes, acabamos por expressar tarde demais. A frase “Quer dar flores? Deem em vida, pois depois da morte são inservíveis” ressoa como um alerta sobre a urgência em valorizar as relações que construímos ao longo de nossas vidas.
As flores, tradicionalmente, estão ligadas à celebração, ao afeto e à lembrança. Elas são presentes em momentos de alegria, como aniversários e casamentos, mas também nas despedidas, nas cerimônias fúnebres, quando já não podemos mais interagir com aqueles que amamos. E aqui surge a questão: por que esperar até que alguém parta para expressar o nosso carinho?
Vivemos em uma sociedade que muitas vezes se esquece da importância de cultivar as relações enquanto estamos vivos. O cotidiano nos envolve em suas obrigações e correria, e deixamos de lado as pequenas demonstrações de amor e apreço. O que nos impede de dar flores em vida? Por que a cultura da homenagem póstuma se tornou mais comum do que a celebração das vidas que ainda estão ao nosso redor?
Dar flores enquanto a pessoa amada está viva é um ato de cuidado e presença. É um reconhecimento do valor do outro, um lembrete de que suas contribuições e a essência de quem são são relevantes e dignas de celebração. Por outro lado, após a morte, essas flores se tornam meros símbolos, adornos que não podem mais comunicar o que sentimos. Elas não podem ouvir, não podem sentir, não podem abraçar. Elas são inservíveis.
A crítica aqui é sobre a nossa falta de coragem em expressar o que sentimos. Muitas vezes, temos a impressão de que a vida é longa e que sempre teremos tempo para dizer “eu te amo” ou “obrigado por tudo”. Entretanto, a realidade nos mostra que a vida é efêmera e, em um instante, tudo pode mudar. A partir do prélio da vida, não temos controle sobre o tempo. A urgência de viver e de amar deve fazer parte do nosso dia a dia.
Imagine quantas relações poderíamos melhorar se decidíssemos dar flores diariamente, não apenas em datas especiais, mas em atos simples: um bilhete de agradecimento, um café preparado para alguém querido, ou simplesmente um abraço sincero. A cada pequeno gesto, a gente cultiva amor, criando um jardim que floresce enquanto todos estão presentes e vivos.
Ainda assim, é fundamental entender que dar flores não se resume a objetos materiais. Trata-se de um gesto que representa a essência da empatia. Ao reconhecer a importância dos outros em nossas vidas, cultivamos um espaço onde o amor e o respeito florescem constantemente. Por isso, é essencial questionar: o que podemos fazer hoje para expressar nosso carinho e gratidão?
Quando a morte chega, não podemos mais desfazer palavras não ditas, desejos não expressos ou perdões que ficaram guardados. As flores dadas em honra a quem partiu são, de fato, belas, mas servem como um lembrete de oportunidades que deixamos passar. A dor da ausência se transforma em um desejo profundo de ter dito mais, de ter amado mais intensamente.
E aqui se encontra o cerne da nossa reflexão: a vida é feita de momentos preciosos, e cabe a nós decidirmos vivê-los plenamente. Ao fazermos isso, não apenas enriquecemos nossas relações, mas também aprendemos a lidar melhor com a nossa própria vulnerabilidade. Abraçar a impermanência da vida e a certeza de que tudo pode mudar é um caminho que nos leva a uma existência mais consciente.
Portanto, quando pensarmos em dar flores, que seja hoje, que seja agora. Que possamos dedicar tempo, espaço e palavras às pessoas que amamos. Que possamos valorizar o tempo que temos, antes que sirva apenas para nos lembrarmos do que poderia ter sido.
Em suma, não precisamos esperar até que uma vida se vá para enxergar seu valor. Que possamos, todos nós, aprender a cultivar nossos jardins em vida, para que, ao invés de flores póstumas, possamos celebrar a vida em cada dia, em cada abraço, em cada palavra.
(*) Professor e Psicopedagogo
Não
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