ARTIGO: Uso de celulares em sala de aula: Um Perigo Oculto



(*)  Taciano Medrado

Nesse editorial de hoje trago á tona um assunto que tem gerado muita controvérsia diferentes posicionamentos dos prós e dos contras,  no campo da educação. 

Na condição de professor por mais de 35 anos, apesar de respeitar as opiniões contrárias, eu prefiro ficar do lado  do time dos contras e defendo, peremptoriamente, a proibição de  seu uso no ambiente de sala de aula. 

Enquanto muitos enxergam nesses dispositivos uma ferramenta pedagógica poderosa, outros alertam para os perigos ocultos que seu uso pode representar. Aparentemente inofensivos, os celulares carregam implicações que vão além da distração, afetando o aprendizado, a saúde mental e até mesmo a dinâmica social entre alunos e professores.

O Celular Como Fonte de Distração

Um dos perigos mais evidentes do uso de celulares em sala de aula é a distração. Estudos demonstram que mesmo a mera presença do aparelho sobre a mesa pode reduzir a capacidade de concentração. Aplicativos de mensagens, redes sociais e jogos competem constantemente pela atenção dos estudantes, desviando-os do conteúdo pedagógico.

Essa distração não afeta apenas o aluno que usa o celular. Quando um estudante desvia a atenção e inicia conversas paralelas, pode influenciar outros colegas, criando um ambiente menos propício ao aprendizado. Professores frequentemente relatam dificuldade em manter o foco da turma quando os celulares não são devidamente regulados.

Impactos na Saúde Mental

Além da distração, o uso constante de celulares pode contribuir para problemas de saúde mental, como ansiedade e baixa autoestima. Em sala de aula, redes sociais frequentemente expõem os jovens a comparações irreais, cyberbullying e a necessidade de validação constante. Esse comportamento, por sua vez, pode levar a dificuldades de concentração e até mesmo à evasão escolar.

Outro aspecto preocupante é o impacto do uso prolongado de telas na qualidade do sono dos estudantes. Muitos jovens passam horas conectados antes de dormir, o que prejudica o descanso e, consequentemente, o desempenho acadêmico.

Danos ao Desenvolvimento Social

A interação social também é prejudicada pelo uso excessivo de celulares. Em vez de dialogar com colegas e professores, os alunos muitas vezes preferem interagir com suas telas. Isso pode enfraquecer habilidades como empatia, trabalho em equipe e comunicação verbal.

O celular também altera a dinâmica de poder em sala de aula. Professores frequentemente enfrentam desafios para impor autoridade quando alunos utilizam os dispositivos de forma inadequada. Essa relação pode levar a conflitos e até mesmo ao desrespeito à figura do educador.

Quando o celular pode ser um aliado, mas não uma essencialidade

Embora os perigos sejam reais, é importante reconhecer que os celulares podem ser aliados no processo educacional, desde que utilizados com responsabilidade. Aplicativos de aprendizado, ferramentas de pesquisa e até mesmo plataformas de gamificação podem tornar as aulas mais dinâmicas e interativas.

Contudo, para que o uso seja benéfico, é imprescindível que escolas estabeleçam regras claras. O uso deve ser supervisionado e limitado a atividades pedagógicas específicas. Programas de conscientização sobre o uso responsável da tecnologia também são fundamentais para educar os alunos sobre os impactos negativos do uso descontrolado.

O Impacto do uso excessivo da digitação na qualidade da caligrafia

Nos dias atuais, a tecnologia tem transformado profundamente a forma como nos comunicamos. Com o avanço dos computadores e smartphones, muitas pessoas passaram a depender quase exclusivamente da digitação para realizar tarefas que antes eram feitas à mão. Embora isso traga praticidade, há uma preocupação crescente: passar muito tempo sem escrever à mão pode comprometer a qualidade da caligrafia.

A Importância da escrita à mão

A escrita manual desempenha um papel importante no desenvolvimento motor fino e na memória. Quando escrevemos à mão, ativamos áreas do cérebro relacionadas à coordenação, concentração e criatividade. Além disso, o ato de escrever reforça a retenção de informações, já que exige mais esforço cognitivo do que simplesmente digitar.

No entanto, com a substituição progressiva da escrita pela digitação, essas habilidades podem se deteriorar. A prática constante é essencial para manter a coordenação necessária para uma caligrafia legível e consistente. Quando deixamos de escrever por longos períodos, tendemos a perder a destreza, o que resulta em letras menos uniformes, traços irregulares e, em alguns casos, até dificuldade em segurar o lápis ou a caneta de forma confortável.

Impactos no cotidiano e na educação

A deterioração da caligrafia não afeta apenas a estética da escrita. Em contextos formais, como assinaturas de contratos ou preenchimento de formulários, uma caligrafia pouco legível pode causar problemas práticos. Além disso, na educação, alunos que escrevem pouco à mão podem ter dificuldades em provas dissertativas ou atividades que exigem escrita manual prolongada.

O domínio da escrita também é uma forma de expressão pessoal. Cada pessoa possui um estilo único, que pode se perder quando o hábito da escrita não é cultivado.

Como reverter o problema?

A solução é simples, mas exige esforço: voltar a praticar. Reservar alguns minutos do dia para escrever à mão, seja uma lista de tarefas, um diário ou até mesmo cartas, pode ajudar a recuperar a habilidade. Exercícios de caligrafia também são eficazes, especialmente para quem já sente dificuldades.

Além disso, incentivar crianças e jovens a equilibrar o uso da tecnologia com a escrita manual é essencial para garantir que futuras gerações mantenham essa habilidade.

Embora a tecnologia ofereça inúmeras vantagens, é importante não abrir mão da escrita à mão. O hábito de digitar não deve substituir completamente o prazer e os benefícios de escrever. Afinal, a caligrafia não é apenas uma habilidade prática, mas também uma expressão da identidade e da criatividade de cada indivíduo.

O Papel dos pais e educadores

A responsabilidade de mitigar os perigos ocultos do uso de celulares não recai apenas sobre as escolas. Pais têm um papel crucial ao monitorar o uso dos dispositivos em casa e promover conversas abertas sobre os riscos e benefícios. Educadores, por sua vez, precisam estar preparados para integrar a tecnologia de forma consciente e construtiva ao currículo.

Políticas como "dias sem tecnologia" ou a implementação de armários para guardar celulares durante a aula têm mostrado resultados positivos em diversas instituições. Essas medidas não apenas reduzem a distração, mas também incentivam os alunos a interagir mais entre si e com o conteúdo das aulas.

Por fim, O uso de celulares em sala de aula representa um perigo oculto que vai muito além da distração. Seus impactos na saúde mental, no desempenho acadêmico e nas relações sociais dos jovens exigem uma abordagem.

(*) Professor com experiência de mais de 35 anos e psicopedagogo 

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