Você já ouviu falar em trojans bancários?



(*) Bruno César

Imagine o Cavalo de Troia da mitologia grega: um presente aparentemente inofensivo, um gigantesco cavalo de madeira, oferecido aos troianos como um símbolo de paz. No entanto, dentro dele estavam escondidos soldados gregos, que atacaram Troia ao cair da noite, surpreendendo o inimigo e garantindo a vitória grega.

O conceito de trojan é semelhante. Trata-se de um ataque cibernético camuflado em um conteúdo aparentemente legítimo, mas que esconde vírus ou códigos maliciosos. Esses trojans podem estar em imagens, links ou até em interfaces que imitam aplicativos reais.

O trojan bancário é um tipo específico de malware desenvolvido para roubar informações financeiras dos usuários. Ele se infiltra disfarçado de um programa ou arquivo confiável e, uma vez dentro do sistema, começa a monitorar e interceptar as atividades bancárias da vítima. Seu objetivo é roubar credenciais de login, dados de contas e outras informações sensíveis. Para isso, utiliza técnicas como captura de tela, registro das teclas digitadas (keylogging) e manipulação de páginas web para enganar o usuário sem que ele perceba.

Esses trojans chegam aos dispositivos das vítimas por diferentes meios e, de forma furtiva, monitoram atividades para capturar logins, senhas bancárias e números de cartões. Segundo estudos recentes da Kaspersky, empresa especializada em cibersegurança, o Brasil registrou um aumento de 87% nas infecções por trojans bancários, colocando o país no centro de ataques com esse tipo de malware. No último ano, mais de 16 milhões de ataques foram bloqueados no Brasil, o equivalente a 4.600 tentativas por dia ou 3,2 por minuto. O país também é responsável por 13 das 18 famílias de trojans mais comuns na América Latina.

Entre os trojans mais prevalentes no Brasil está o Trojan-Banker.Win32.Banbra, responsável por 13,71% das infecções, conhecido por interceptar transações financeiras e transferir dinheiro para contas de cibercriminosos. Na América Latina, o trojan Grandoreiro lidera as ameaças, com 16,83% dos registros detectados, e, mesmo após prisões de operadores do malware, novas variantes continuam sendo identificadas.

Para se proteger desses ataques, é essencial desconfiar de links e anexos em e-mails e mensagens, evitar clicar em conteúdos suspeitos, criar senhas fortes e únicas para cada conta, manter os dispositivos atualizados e utilizar ferramentas de segurança. Além de proteger o ecossistema financeiro, é fundamental que tanto instituições financeiras quanto usuários estejam atentos às ameaças, adotando práticas seguras ao realizar transações e compras online.

(*) Bruno César Teixeira de Oliveira, gestor  de riscos, compliance e prevenção a fraudes em instituições financeiras e colunista do site O Boletim.

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