Quando a falta de desportividade e o vandalismo suplantam a racionalidade humana

 

Fotógrafo fraturou 3 dedos após ser atingido por bomba I Foto: Dhavid Normando, Código19/Gazeta Press

(*) Taciano Medrado

 

As cenas de violência e vandalismo provocado pela torcida do clube Atlético-MG na partida final da Copa do Brasil nesse domingo (10) logo após o gol do Equatoriano Plata aos 37 minutos do segundo tempo dá o tom de quanto irracionais são alguns “torcedores”, sim coloquei ente aspas, pois na minha opinião tenho dúvidas se de fato são.


Assistindo a partida, com imparcialidade, afinal não torço por nenhum dos dois times que estavam em campo, e ter presenciado horas antes uma linda festa, que se transformou, lamentavelmente em uma verdadeira praça de guerra me fazendo lembrar de tristes episódios envolvendo torcedores em gramados pelo mundo afora, com estatísticas aterrorizadoras contabilizando centenas de mortes de torcedores.


Os autores dos atos reprováveis e irresponsáveis sequer pararam para pensar que hoje os estádios são frequentados por famílias, crianças, mães, filhos e filhas, inclusive os seus próprios familiares que com certeza estavam acompanhando-os.


Aos vândalos, o rigor das leis


A questão da falta de desportividade de torcidas no futebol e sua relação com atos de vandalismo tem sido um tema cada vez mais debatido, especialmente no Brasil, onde a paixão pelo futebol frequentemente ultrapassa os limites da arquibancada e se transforma em comportamentos agressivos e até violentos.


Primeiro, é importante distinguir a falta de desportividade do vandalismo em si. A falta de desportividade inclui atitudes como vaias, xingamentos, cânticos provocativos e gestos obscenos voltados para os adversários, árbitros ou até jogadores do próprio time. Esses comportamentos, embora não desejáveis, ainda fazem parte do contexto do futebol. Em um jogo acirrado, é comum que as emoções extravasem e que torcedores ajam de forma passional. No entanto, a cultura desportiva prevê que as pessoas respeitem as regras, valores e espírito do esporte, e é aí que a falta de desportividade perde sua linha tênue e se transforma em violência.


Atos de vandalismo, por outro lado, vão muito além de uma manifestação emocional ou de provocação. Incluem depredação de estádios, brigas entre torcidas organizadas, confrontos com a polícia e até mesmo ataques físicos aos jogadores ou torcedores. Esses atos de vandalismo extrapolam o âmbito esportivo e se tornam problemas sociais e de segurança pública, prejudicando o futebol e o ambiente dos jogos.


Vários fatores influenciam a transição da desportividade para o vandalismo. Um deles é o contexto social e econômico dos torcedores. Em muitos casos, jovens que enfrentam realidades de vulnerabilidade social encontram nas torcidas organizadas um espaço para desabafar frustrações. Além disso, a presença do álcool e de substâncias ilícitas contribui para que o controle sobre as emoções e reações seja ainda mais difícil.


Outro fator é a falta de punição efetiva. Muitos torcedores envolvidos em brigas e atos de vandalismo acabam não sendo responsabilizados, o que reforça a ideia de impunidade. Esse cenário de permissividade, somado ao apoio velado de alguns clubes e até políticos, que enxergam nas torcidas organizadas uma base de apoio, cria um ciclo vicioso difícil de romper.


Para combater essa questão, é fundamental que todos os agentes envolvidos – clubes, federações, governos e torcedores – se comprometam em conjunto. Medidas como controle de acesso e a fiscalização do uso de bebidas alcoólicas dentro dos estádios são importantes, mas talvez mais relevante seja a promoção de campanhas de conscientização que enfatizem o valor da rivalidade saudável. Além disso, punições severas e eficazes contra o vandalismo são essenciais para reduzir a reincidência de torcedores violentos.


Assim, um caminho possível para diminuir a falta de desportividade e o vandalismo no futebol é a criação de uma cultura de respeito, tanto dentro quanto fora dos estádios. Afinal, o futebol deve ser uma festa que celebre a habilidade e a paixão pelo esporte, não uma desculpa para a violência.


Por fim, espero que as autoridades máximas do nosso futebol hajam com o rigor necessário e puna os arruaceiros, vândalos e parvos que protagonizaram mais um cena triste para o futebol não só brasileiro, mas do mundo.


(*) Professor e torcedor


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