“Fuck you, Musk”!



(*) Valter Bernat

A primeira-dama, Janja, ficou entre os nomes mais citados após xingar Elon Musk. Ao ouvir um som de um navio, ela afirmou: “Alô, acho que é o Elon Musk. Eu não tenho medo de você, inclusive, fuck you Elon Musk“, dita em inglês, reverberou em veículos de peso como BBC, Reuters, Bloomberg, Deutsche Welle, Le Figaro e Bild.

O episódio trouxe à tona tensões já existentes entre o bilionário e o governo brasileiro, além de levantar preocupações sobre possíveis implicações diplomáticas e políticas. Qual será o impacto da ofensa de Janja para a relação de Lula e Trump?

Nas relações exteriores, esta declaração vai contra o esforço da diplomacia brasileira de desdramatizar a pauta da política externa brasileira. Lula, durante as eleições americanas já tinha deixado claro ao mundo que apoiava Kamala e chegou a apontar Trump como “um exemplo de fascismo e nazismo voltando a funcionar com outra cara no mundo“. Isso já caiu mal, vez que Trump ganhou “de lavada”.

Nas relações internas a repercussão não foi menor. O PL apresentou requerimentos à Mesa da Câmara. Um deles quer a aprovação de uma moção de repúdio contra a Primeira-dama por ofender o empresário dono da rede social X (antigo Twitter). Os outros pedem informações por parte do Ministério das Relações Exteriores, acerca da repercussão negativa na diplomacia brasileira. O PP também apresentou requerimento para a convocação do ministro Mauro Vieira para prestar esclarecimentos a uma comissão da Câmara dos Deputados por conta da fala de Janja sobre o bilionário.

Na realidade, a Primeira-dama atua como se fosse a “Primeira-ministra para assuntos de baixa densidade”, caríssimos e incompreensíveis em sua inutilidade explícita. Na verdade, Janja não representa ninguém além dela mesma. Para representar alguém, é preciso ser eleito, em eleições livres e limpas.

Uma primeira-dama deve ter um mínimo de postura. Ela, querendo ou não, representa o governo do país. Nem Lula, nos seus momentos mais rancorosos, chegou a tanto. O xingamento a Elon Musk foi feito num evento internacional, e foi uma grosseria e uma falta de educação. O Brasil já tem passado muita vergonha nestes últimos anos, essa foi mais uma.

Janja da Silva tem viajado pelo mundo representando o país, participando de reuniões ministeriais como se ministra fosse. Como assim? De novo: ela não foi eleita e não foi nomeada pelo presidente para qualquer cargo, é apenas a mulher do presidente, a Primeira-dama. Saudades de D. Ruth Cardoso, uma verdadeira Primeira-dama.

Janja – acho importante repetir o nome – não abre mão de qualquer oportunidade de piorar tudo o que faz de errado, mas desta vez ela se superou. Em vez de ficar quieta e distribuir os cachês de R$ 30 a 80 mil – simbólicos, segundo ela – para os artistas contratados por estatais para o “Janjapalooza” – nome que o povo deu e que pegou. O TCU está investigando estes pagamentos. Todos os patrocínios para este evento foram de estatais, nenhuma empresa privada. Curioso, não?

Janja também não é a representante das mulheres! Não é esta a função da Primeira-dama! Se um dia for eleita para algum cargo, aí sim ela poderá dizer que representa isso ou aquilo, por enquanto não é, e deveria dar graças a Deus por ter um cheque em branco do marido para os “Janjapalooza” que promove – e abster-se de maiores ressignificações.

Seu marido, o presidente Lula, tentando consertar a m… que ela fez, disse que “não é preciso xingar ninguém” . Tudo bem, mas a Primeira-dama sabe disso? Certamente ele vai dormir no sofá por alguns dias… rs

Foi a primeira vez que Lula fez uma declaração reparando, publicamente, a declaração de sua mulher. Isto surpreendeu a todos, sinalizando que o caminho indicado por Janja não é o que será seguido pelo governo brasileiro. O petista costuma criticar diretamente ou de forma velada seus subordinados, mas nunca a Primeira-dama.

A resposta de Musk em sua rede social foi simples e direta: “They will lose the next election!”, ou seja, “eles vão perder a próxima eleição”. O influencer Felipe Neto postou em suas redes sociais: “Vamos ver. Tente interferir. Eu imploro. Apenas tente”.

Na verdade, Janja colocou o governo Lula na mira de Trump. Trump ainda não foi empossado, mas já tomou conhecimento de que Lula citou o nazismo ao se referir à volta da direita ao comando dos EUA. A declaração de Janja, no sábado, tensiona ainda mais a relação entre o Planalto e o futuro chefe da Casa Branca. Os parlamentares do partido de Trump tentam aprovar um projeto para que os Estados Unidos punam países que pratiquem atos que, na visão desses congressistas, configurem censura.

E aí, como ficará?

(*) Advogado, analista de TI e editor do site O Boletim


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