Não
é só no noticiário policial, nos debates políticos e nas redes sociais — a
violência eleitoral está também nos números. Dados do boletim trimestral do
Observatório da Violência Política e Eleitoral indicam que entre abril e junho
deste ano foram registrados 128 casos de violência contra lideranças políticas.
O que mostra um aumento de mais de 100% em relação ao trimestre anterior.
A
região mais atingida foi o Sudeste, com 47 casos (36,7%). São Paulo é o estado
mais violento: 21 casos, seguido por Bahia e Rio de Janeiro, ambos com 15 registros.
A violência vem de todas as formas: insultos, ameaças, agressões físicas e
homicídios — eles foram responsáveis por 25 episódios. O Rio de Janeiro se
destaca neste cenário com seis casos.
O mais
recente ocorreu no dia 25, na cidade de Nova Iguaçu, baixada fluminense. O
candidato a vereador pelo Avante conhecido como Joãozinho Fernandes foi morto a
tiros logo após fazer uma caminhada promovendo a candidatura pelas ruas da
cidade.
Para
o especialista em segurança e professor da FGV, Jean Menezes de Aguiar, o que
estamos vendo hoje na política é um reflexo da sociedade violenta que temos no
Brasil.
“São
60 mil homicídios por ano. É escandaloso, mas isso foi normalizado, em certa
medida”, avalia o professor que destaca um outro ponto.
“A
entrada do crime organizado na política, em que políticos possam obter com mais
facilidade essas vinganças e esses crimes. Poderia ser esta uma das
explicações. Só se fala em PCC nos debates de São Paulo, o que mostra que ele
[PCC] virou um ator coadjuvante nessa história.”
Acirramento
da polarização
O
especialista ainda levanta uma outra característica da sociedade que vem
tomando corpo há algumas eleições: o acirramento da agressividade e das emoções
exageradas que acabam resultando em violência física.
Menezes
usa o exemplo do candidato à prefeitura de São Paulo José Luiz Datena para
explicar um ponto que está previsto no direito penal.
“Essa
emoção com violência está prevista como total atenuante no processo penal. Por
isso que não deverá acontecer nada com o Datena.” Relembrando o episódio
em que, durante um debate na televisão, o candidato Pablo Marçal (PRTB-SP)
recebeu uma cadeirada de Datena após inúmeras provocações que fez ao oponente.
Polarização
que para Menezes tem como consequência mais visibilidade para os envolvidos, já
que gera conteúdos que repercutem e “vendem” nas redes sociais.
Reforço
na segurança
Uma
das medidas para tentar conter a violência no dia das eleições foi tomada esta
semana pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Força Federal será enviada a
12 estados, a pedido dos TREs dessas localidades. São eles:
Fonte:
Brasil 61
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