PF indicia senadores Eduardo Braga e Renan Calheiros por corrupção

 

Foto ilustrativa


A Polícia Federal indiciou os senadores Eduardo Braga (AM) e Renan Calheiros (AL), ambos do MDB, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa sob a acusação de terem recebido propina para defender os interesses de uma empresa no Congresso Nacional.


O indiciamento dos senadores, e também do ex-senador Romero Jucá, foi divulgado primeiramente pelo portal UOL e confirmado pela Reuters com uma fonte da PF. A suspeita é que, por intermédio de um emissário, o trio tenha recebido 20 milhões de reais do antigo grupo Hypermarcas, atual Hypera Pharma.


A conclusão da apuração ocorre seis anos após o início das investigações do caso.


Segundo a fonte da PF, o inquérito, que corre sob segredo de Justiça, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no mês passado. O relator, ministro Edson Fachin, encaminhou o caso para a Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar se oferece denúncia contra os envolvidos.


A defesa de Braga disse, em nota oficial, que o indiciamento se trata de "ilações esdrúxulas" sem amparo nos elementos do próprio inquérito.


"Há evidências claríssimas de que o parlamentar não manteve contato com o delator, que, além de mudar sua versão quatro anos depois, baseia suas declarações em mero 'ouvir dizer'. Não tenho dúvidas de que inquérito será arquivado. Triste, porém, é ver mais um episódio de vazamento ilegal", criticou o advogado Fabiano Silveira.


A defesa de Jucá disse repudiar o indiciamento, que teria sido determinado "com base única e exclusivamente na delação premiada do executivo do grupo Hypermarcas". Disse que ele colaborou com as investigações, prestou esclarecimentos e que a acusação é uma "tentativa de criminalizar a política".


"É da natureza da função parlamentar a conexão com setores da sociedade, com empresários e grupos econômicos. Além do mais, contribuições legítimas para campanha política, dentro das regras eleitorais, com aprovação das prestações de contas do partido político pela Justiça Eleitoral, jamais podem ser consideradas como contrapartida de suposto ato de corrupção", afirmaram os advogados dele, em nota.


A assessoria de Renan não retornou de imediato a pedido de comentário.


A Hypera Pharma disse, também em nota, que finalizou em 2020 apurações internas sobre irregularidades ocorridas entre 2013 e 2015. "O assunto foi concluído mediante a celebração de acordo de leniência em 2022", acrescentou.


Braga e Renan são próximos ao Palácio do Planalto. Braga é líder do MDB no Senado e atual relator da reforma tributária na Casa. Renan, por sua vez, é um importante aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tem o filho Renan Filho como ministro dos Transportes.


Reuters


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