Dono e co-ceo da VaideBet, André e Aislla Rocha, ao lado do casal Gusttavo Lima e Andressa Suíte em festa na Grécia — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Para
embasar a justificativa, a juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal
do Recife,
cita que Gusttavo
Lima deu "guarida a foragidos" e cita uma viagem de Goiânia para
a Grécia que o
cantor fez com o casal de investigados na Operação Integration, José André e
Aislla.
"No
dia 7 de setembro de 2024, o avião de matrícula PS-GSG retornou ao Brasil, após
fazer escalas em Kavala, Atenas e Ilhas Canárias, pousando na manhã do dia 8 de
setembro no Aeroporto Internacional de Santa Genoveva, em Goiânia.
Curiosamente, José André e Aislla não estavam a bordo, o que indica de maneira
contundente que optaram por permanecer na Europa para evitar a Justiça",
afirmou.
José
André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques da Rocha são sócios da Vai
de Bet, uma
das casas de apostas investigadas na Operação Integration. Segundo a
decisão, o cantror adquiriu, no dia 1º de junho deste ano 25% da empresa,
o que, na avaliação da juíza, representa indícios de participação do cantor no
esquema.
"Essa
associação levanta sérias dúvidas sobre a integridade das transações e a
legitimidade dos vínculos estabelecidos", afirma a magistrada na decisão.
O g1 tentou contato com a
defesa de Gusttavo Lima, mas não tinha conseguido até a última atualização
desta reportagem.
No início das investigações, o cantor teve um avião apreendido pela Polícia Civil de São Paulo. Na época, o artista disse ser inocente.
Para
a magistrada, a relação entre Gusttavo Lima e os foragidos da investigação
"deve ser encarada com extrema cautela" pelo fato de apresentar,
"em tese", "características espúrias e duvidosas".
A
juíza diz ainda que a manutenção das prisões é necessária e não pode ser
vista "apenas como uma medida punitiva, mas como um mecanismo de proteção
da sociedade e um meio de garantir que a Justiça prevaleça. Somente assim
será possível evitar que a impunidade se perpetue e que os direitos dos
cidadãos sejam efetivamente defendidos".
O
mandado de prisão preventiva foi expedido após o Ministério Público devolver o
inquérito à Polícia Civil, pedindo a realização de novas diligências e recomendando
a substituição das prisões preventivas por outras medidas cautelares.
No
mandado de prisão, a juíza afirma também que não vislumbra, "no momento,
nenhuma outra medida cautelar menos gravosa capaz de garantir a ordem
pública".
Avião
apreendido
A
Operação Integration foi deflagrada no dia 4 de setembro, resultando na prisão
de Deolane Bezerra e de outros investigados. Na mesma data, a
Polícia Civil de São Paulo apreendeu um avião que pertencia a uma empresa de
Gusttavo Lima, Balada Eventos e Produções.
A
aeronave, prefixo PR-TEN, foi recolhida por policiais enquanto passava por uma
manutenção no aeroporto de Jundiaí, no interior paulista.
Na
ocasião, o advogado da Balada Eventos e Produções, Cláudio Bessas, informou
ao g1 que a
aeronave foi vendida por meio de contrato de compra e venda, devidamente
registrado junto ao Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB-Anac), para a empresa
J.M.J Participações.
Procurada,
a Anac informou que havia uma negociação, porém a empresa de Gusttavo Lima
ainda constava como proprietária do avião.
No
dia seguinte à apreensão do avião, o cantor Gusttavo Lima usou
as redes sociais para dizer que não tinha nada a ver com o avião apreendido durante
a Operação Integration.
“O
bebê não pode pegar uma semana de descanso! Estão dizendo aí que o meu avião
foi preso, gente…Eu não tenho nada a ver com isso, me tira fora disso. Esse
avião foi vendido no ano passado. Honra e honestidade foram as únicas coisas
que sempre tive na minha vida, e isso não se negocia”, afirmou o cantor, em
suas redes.
O
avião foi fabricado em 2008 pela Cessna Aircraft e é homologado para
transporte, com capacidade para 11 pessoas, incluindo uma tripulação mínima de
dois pilotos, sem permissão para operação de táxi aéreo. Relembre a cronologia
do caso:
Em
julho deste ano, Deolane Bezerra abriu uma empresa de apostas, Zeroumbet, com
capital de R$ 30 milhões.
Em
4 de setembro, a empresária e influenciadora digital foi presa na Operação
Integration, deflagrada contra uma quadrilha suspeita de movimentar cerca de R$
3 bilhões num esquema de lavagem de dinheiro de jogos de azar.
A
Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões de Deolane e de R$ 14 milhões da
empresa dela por lavagem de dinheiro. Na
delegacia, a influenciadora afirmou que sua renda mensal é de R$ 1,5 milhão.
Além
de Deolane Bezerra, foram presas mais de 10 pessoas suspeitas de integrar o
esquema, incluindo
o empresário Darwin Henrique da Silva Filho, dono da casa de apostas Esportes
da Sorte, e a esposa dele, Maria Eduarda Filizola.
Em
depoimento após ser presa, Deolane
confirmou que comprou um carro de luxo de Darwin, um Lamborghini Urus S, por R$
3,85 milhões.
Segundo
a Polícia Civil, os pagamentos à vista pela compra e pela venda de carros de
luxo feitas pela empresa e pelo empresário geraram indícios de que houve
"lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho e de apostas
esportivas".
Ainda
no dia 4, após a prisão, Deolane escreveu uma carta, publicada no Instagram,
dizendo que está sofrendo "uma grande injustiça", que ela e a família
são vítimas de preconceito e lamentou a prisão da mãe.
Segundo
a Polícia Civil de Pernambuco, a Justiça decretou o sequestro de bens de vários
alvos, incluindo aeronaves e carros de luxo, e o bloqueio de ativos financeiros
no valor de R$ 2,1 bilhões. Ao todo, a polícia solicitou que R$ 3 bilhões fossem
bloqueados.
No
dia 9 de setembro, Deolane deixou a cadeia no Recife, após ser beneficiada com
um habeas corpus. Ela ficaria em prisão domiciliar e teria que usar
tornozeleira eletrônica.
Antes
mesmo de entrar no carro para ir embora, Deolane falou com a imprensa na frente
do presídio: "Foi uma prisão criminosa, cheia de abuso de autoridade por
parte do delegado. [...] Eu não posso falar sobre o processo. Eu fui
calada".
Na
noite de 9 de setembro, uma nova carta escrita por Deolane foi publicada no
Instagram. "Agradeço imensamente o carinho e o apoio de todos, tenham
certeza que não irão se arrepender, afirmo com todo o respeito que tenho por
vocês, sou inocente e não há uma prova sequer", disse no trecho final do
manuscrito.
No
dia 10 de setembro, Deolane teve a prisão domiciliar revogada, após o
descumprimento das medidas cautelares para sua liberação, e seguiu para o
presídio em Buíque, no Agreste de Pernambuco.
No
dia 11 de setembro, o Tribunal de Justiça de Pernambuco negou outro pedido de
habeas corpus feito pela defesa de Deolane. O juiz alegou, entre outros
motivos, "financiamento de manifestantes [para protestar contra a prisão
dela] por iniciativa de familiares".
Esta
reportagem está em atualização.
G1 - Pernambuco
Não
deixe de curtir nossa página Facebook e também Instagram para
mais notícias do Blog do professor TM
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.
Postar um comentário