Edmundo
González, o candidato da oposição a Nicolás Maduro nas eleições do último 28 de
julho na Venezuela, deixou o país.
A
informação foi divulgada pela vice-presidente Delcy Rodríguez, no Instagram.
Em
seu comunicado, ela explica que González havia se refugiado na embaixada da
Espanha em Caracas há vários dias e solicitou asilo político.
"A
Venezuela concedeu os devidos salvo-condutos em prol da tranquilidade e da paz
política no país", disse Rodríguez.
O
ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, confirmou a
notícia através de sua conta no X. "Edmundo González, a seu pedido, está
voando para a Espanha em um avião da Força Aérea Espanhola", escreveu.
Ele
também destacou que o governo espanhol "está comprometido com os direitos
políticos e a integridade física de todos os venezuelanos".
Juan
Pablo Guanipa, líder do partido venezuelano de oposição Primero Justicia,
afirmou em sua conta no X que "não importa onde esteja" González,
"devemos continuar lutando para que o triunfo", que ele assegura que
o candidato obteve, "seja respeitado".
"O
importante é que ele foi eleito, que sua eleição foi comprovada, e que a
soberania popular deve ser respeitada".
Ordem
de prisão
González
representou a oposição venezuelana nas eleições presidenciais, após Maria
Corina Machado, a líder do bloco contrário a Maduro, ser impedida de se
candidatar.
De
acordo com as atas eleitorais - espécie de boletins de urna - publicadas pela
oposição após as eleições, González venceu com uma ampla maioria.
No
entanto, o Conselho Nacional Eleitoral declarou Nicolás Maduro como o vencedor,
um resultado que tem sido questionado internacionalmente, pois as atas que o
confirmariam ainda não foram divulgadas. O órgão é controlado por aliados ao
presidente.
O
Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela validou em 22 de agosto os resultados
que deram a vitória a Maduro.
E,
na segunda-feira, 2 de setembro, um juiz venezuelano ordenou a captura de
Edmundo González por suposta "usurpação de funções, falsificação de
documento público, incitação à desobediência das leis, conspiração, sabotagem
de sistemas e delitos de associação criminosa".
O
ex-candidato não compareceu à Justiça, apesar das sucessivas convocações, e
estava na clandestinidade desde 30 de julho. A violência após as eleições na
Venezuela resultou na morte de pelo menos 27 pessoas e deixou 192 feridos.
O
governo de Nicolás Maduro prendeu mais de 2,4 mil pessoas desde as eleições, o
que, segundo as Nações Unidas, criou "um clima de medo".
A
líder opositora Maria Corina Machado apareceu em eventos públicos após as
eleições e declarou que não tem intenção de deixar o país.
De
la diplomacia a la política
Após
a inabilitação de Machado, assim como de Corina Yoris, que havia sido designada
como sua substituta, González foi escolhido para enfrentar Maduro nas urnas.
Ao
formalizar sua candidatura, em abril, ele afirmou que aceitava essa
responsabilidade "com humildade".
"É
uma situação inesperada. Eu jamais pensei que estaria nessa posição. No
entanto, quando me propuseram, tomei isso como um compromisso pessoal com a
Venezuela, com o sistema de governo e a democracia", disse ele à BBC
Mundo, o serviço em espanhol da BBC, em uma entrevista publicada em 13 de
junho.
"Precisamos
buscar a reconciliação nacional e, se isso incluir setores que atualmente estão
com o governo, vamos incluí-los", acrescentou.
Na
Universidade Central da Venezuela (UCV), ele se formou em relações internacionais
e depois fez um mestrado na área na American University, nos EUA.
Seu
primeiro destino foi como secretário da embaixada da Venezuela nos Estados
Unidos, em 1978, aos 29 anos. Posteriormente, esteve em El Salvador durante a
guerra civil que assolou o país centro-americano há mais de quatro décadas.
No
final de 1999, ele recebeu suas credenciais como embaixador do governo de
Rafael Caldera e, algum tempo depois, foi confirmado por Hugo Chávez, e
trabalhou como embaixador na Argentina até 2002.
Exerceu
funções diplomáticas em diversas delegações da Venezuela na Bélgica, no Reino
Unido e na Argélia. Entre 2013 e 2015, foi o representante internacional da
Mesa da Unidade Democrática (MUD), a coalizão opositora que evoluiu para o que
hoje é conhecido como Plataforma Unitaria Democrática (PUD).
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