(*) Percival Puggina
Nos
últimos anos, parcela expressiva da sociedade brasileira tem atribuído o
ativismo e o transbordamento dos poderes do STF e do TSE a uma obstinada e
caprichosa omissão do Senado Federal. É sabido que a Constituição estabelece o
controle recíproco dos dois poderes (Senado e STF) – um de olho no outro. Só o
Senado tem legitimidade constitucional para agir contra excessos do Supremo.
Parcela
expressiva da opinião pública e muitos senadores experientes entendem que essa
reciprocidade tem efeito oposto ao desejado pelos constituintes. Como os
senadores preferem não contrariar os ministros que têm o poder de julgá-los, e
vice-versa, o mecanismo de “freios e contrapesos” previsto na Constituição
perde eficácia.
Há
200 anos, o poder legislativo brasileiro é bicameral, modelo frequente entre
países extensos e/ou muito populosos. No Brasil, a Câmara dos Deputados
representa o povo em sua diversidade e o Senado representa os estados. Vi muito
projeto bom deixar de ser aprovado por divergência entre Senado e Câmara. E vi
muito projeto inconveniente morrer na praia de uma das Casas por discordância
com a outra. A simplificação do sistema, com adoção do legislativo unicameral,
seria uma das ideias mais inviáveis que alguém poderia apresentar. Afinal,
nenhum político ou partido teria interesse em cerrar as portas do ambicionado
paraíso senatorial, com suas regalias usufruídas em confortáveis mandatos de
oito anos.
Se
observarmos como se distribuem regionalmente as cadeiras do Senado, veremos
que:
Região
Sul 3 estados 09 senadores
Região
Sudeste 4 estados 12 senadores
Região
Centro-Oeste 3 estados 09 senadores
Região
Nordeste 9 estados 27 senadores
Região
Norte 7 estados 21 senadores
Isso
significa que um terço dos 81 senadores são eleitos no Nordeste e que mais da
metade dos membros daquela Casa (59%) procedem do Norte e do Nordeste do país,
apesar de essas duas regiões representarem apenas 32% da população nacional.
Inevitavelmente, o perfil político do Senado será bem diferente do perfil da
Câmara dos Deputados.
Como
fazer gol nessa defesa? Como superar essa hegemonia, ampliada pela convergência
de interesses e autoproteção? Não será fácil reverter o cenário atual. Os
partidos políticos que enfrentam a máquina de extrema esquerda operada nos
últimos anos pelos donos do poder precisam compreender a importância de levar o
enfrentamento político ao Norte e ao Nordeste do país. É preciso quebrar, na
persuasão e no voto, uma hegemonia que tem servido para explicar muito do que
acontece no país.
O
saneamento político do Brasil não se faz sem Educação e jamais a teremos
enquanto for utensílio de um grupo cujo principal líder declarou ter pleno
conhecimento de que perde poder e influência na medida em que os cidadãos
prosperam (aqui).
(*) Arquiteto,
empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Membro da Academia Rio-Grandense de
Letras. Escreve, semanalmente, artigos para vários jornais do Rio Grande do
Sul, entre eles Zero Hora, além de escrever o seu próprio blog e em outros
websites de expressão nacional, a exemplo do Mídia Sem Máscara, Diário do
Poder, Tribuna da Internet. Sua coluna é reproduzida por mais de uma centena de
jornais.
Não
deixe de curtir nossa página Facebook e também Instagram para
mais notícias do Blog do professor TM
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.
Postar um comentário