Com
o avanço da tecnologia e a alta adesão da população às redes sociais, os
candidatos às prefeituras nas Eleições de 2024 têm utilizado o espaço nas
mídias sociais para chamar a atenção dos cidadãos e, assim, conquistar votos. A
criatividade é bem-vinda, mas podem existir apelos na comunicação dos
candidatos que fogem do habitual.
O
especialista em marketing político da Fundação Índigo, Júlio Pontes, explica
que não existe um padrão a ser seguido durante a promoção dos candidatos por
meio das redes sociais. Segundo ele, as estratégias para chamar a atenção do
eleitor são sempre bem-vindas de forma criativa.
“Não
tem muito esse padrão, inclusive é o que difere campanhas destacadas e
campanhas normais. Quando você foge um pouco do padrão e leva a mensagem principal
da candidatura de maneira criativa e respeitosa, é quando se tem realmente um
destaque e, provavelmente, o melhor resultado nas urnas”, afirma Pontes.
Apesar
do potencial do uso das redes sociais para conseguir votos, Pontes pondera que
quem está no planejamento das postagens deve utilizar de especificidades do
perfil do próprio candidato para criar os vídeos e posts. Do contrário, Júlio
Pontes afirma que a publicação pode “beirar o ridículo”, caso destoe da própria
personalidade do candidato ou candidata, causando, assim, um resultado
negativo.
“Prefeitos
no Brasil todo, principalmente prefeitos, mas deputados também, têm usado da
criatividade. E às vezes beira o ridículo, mas o beirar o ridículo pra um
candidato que já tem esse perfil mais despojado, às vezes não é tão
prejudicial, às vezes nem é prejudicial, às vezes passa-se do ponto”,
avalia.
Pontes
usa como exemplo as redes sociais do vice-presidente Geraldo Alckmin. Segundo
Pontes, os perfis de Alckmin recebem ataques dos usuários com frequência “por
tirarem o Alckmin do lugar comum de médico e conservador que ele sempre foi com
a publicação de memes. Nesse caso acho que já é uma coisa bem positiva, afinal
ele leva mensagem para o Brasil todo. Mas é sempre um limiar entre o ridículo e
o criativo."
Viralizar
não é sinônimo de mais votos
Recentemente,
o prefeito da cidade de Mirandópolis (SP), Ederson Pantaleão (União), viralizou
nas redes sociais ao postar um vídeo em que finge ser atropelado por um carro.
O objetivo foi anunciar a disponibilização de ambulâncias em um dos bairros da
cidade.
Júlio
Pontes avalia a iniciativa como “marcante”, mas salienta que é necessário uso
do bom senso e não romantizar tragédias a fim de buscar cliques. Ele destaca,
ainda, que alcançar muitos cliques nas redes sociais – apesar de ser o objetivo
nas redes – não garante a conquista de muitos votos, já que a população que
interessa para este fim são os moradores da cidade e não os de outros
estados.
“A
gente não pode normalizar e gourmetizar tragédias, mas o objetivo dele era
chamar atenção e ele chamou a atenção; a gente tem que ficar atento só a
um fato: de que nem sempre o viralizar é uma coisa efetiva, até porque ele
concorre a um cargo público em São Paulo, no interior de São Paulo, e o vídeo
dele foi visto no Brasil todo. Tirando as pessoas de Mirandópolis, quem viu
aquele vídeo não tem muita relação com o que de fato interessa que é o voto do
eleitor.”
Potencial
das redes sociais nas eleições
O
especialista em marketing político, Júlio Pontes, aponta que as redes sociais
vão ser o principal canal de contato dos candidatos com os eleitores nas
eleições 2024. Em especial, segundo ele, por conta da permissão de anúncios no
Facebook e no Instagram, mas o Google proibiu esse tipo de impulsionamento de
conteúdo nas redes.
“Então
vai ser bastante focado no marketing eleitoral. E é muito importante,
principalmente nas redes sociais, o que faz com que muitas pessoas sejam
procuradas para fazer esse trabalho de comunicação”, diz. Ele ressalta que é
necessário que os profissionais da área de marketing estejam atualizados quanto
às especificidades do marketing político eleitoral para não cair em
deslizes.
“Tem muita casca de banana, que o profissional que está cuidando ali, por não entender necessariamente de política e sim de redes sociais ou de marketing , não leva em consideração. Então, tem uma diferença grande de comunicação e de comunicação eleitoral. A comunicação, o marketing visa sempre uma venda e a eleição é uma venda de uma pessoa que vai se converter em voto, então é uma diferença crucial”, pondera.
Fonte: Brasil 61
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