A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, disse nesta segunda-feira (12) que o candidato oposicionista Edmundo González assumirá como novo presidente do país em 10 de janeiro, quando termina o atual mandato do presidente Nicolás Maduro.
"González
será o novo chefe de Estado e novo comandante das Forças Armadas venezuelanas,
e isso dependerá do que todos nós fizermos, os venezuelanos dentro e fora do
país. Depende que essa força, organização convicção e compromisso que
empregamos nos últimos meses e que teve vitória contundente se mantenha forte e
crescendo. E por isso sei que em 10 de janeiro teremos um novo
presidente", disse Corina Machado em entrevista a um canal de televisão.
Desde
a eleição, María Corina Machado diz que Maduro foi derrotado e pede que ele
deixe o poder. "Estamos em um momento totalmente distinto. O mundo inteiro
sabe que Maduro perdeu, que foi derrotado de maneira avassaladora e que hoje
pretende permanecer no poder com a maior fraude da história deste hemisfério.
Isso significa que não tem nenhuma legitimidade", afirmou em entrevista.
Corina
Machado também pediu para que a pressão sobre Maduro realizada pela população
venezuelana e a comunidade internacional não pare e que force o presidente a
parar com a repressão. O presidente colocou as Forças Armadas nas ruas para
coibir protestos contra o governo que tomaram o país.
Duas
semanas após a eleição, Maduro não parece estar diminuindo o ritmo da
repressão. Além de chamar seus opositores de fascistas e golpistas em suas
falas públicas, Maduro pediu
aos poderes venezuelanos nesta segunda (12) para agir "com mão de
ferro". O presidente já havia dito também que Corina
Machado e González "têm que estar atrás das grades" --eles
estão escondidos desde o fim do pleito.
Uma
reportagem de domingo (11) do jornal americano "The Wall Street
Journal" disse que os EUA estariam negociando uma possível anistia a
Maduro caso ele deixe a presidência da Venezuela. Nesta segunda-feira (12), a
porta-voz da Casa Branca negou que os EUA tenham feito uma oferta de anistia a
Maduro desde a eleição venezuelana. (Leia mais abaixo)
Na
semana passada, a oposição
venezuelana se disse disposta a dar garantias de proteção ao presidente
venezuelano caso ele aceite fazer uma transição gradual de
poder. Maduro
descartou a possibilidade de negociação e pediu que a líder
oposicionista María Corina Machado se entregasse à Justiça.
A
fala acontece em tom de pressão a Maduro em meio ao impasse na
Venezuela após a eleição de 28 de julho. O dia 10 de janeiro é a data
marcada para que o vencedor do pleito assuma o novo mandato, mas a perspectiva
para essa cerimônia está incerta já que ambos os lados reivindicam a vitória.
O
resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado a Maduro,
é contestado pela oposição e pela comunidade internacional. Segundo o
CNE, Maduro
foi reeleito com 52% dos votos, mas as atas eleitorais --documentos
que registram os votos e os resultados em cada local de votação do país e
que comprovariam o resultado-- não foram divulgadas. O órgão alega que o seu
sistema foi hackeado.
Em contrapartida, a oposição diz que seu candidato, Edmundo González, venceu as eleições com 67% dos votos e apresenta como prova um site criado pelos próprios opositores com mais de 80% das atas digitalizadas, às quais o grupo teve acesso por meio de representantes que compareceram à grande maioria dos locais de votação. Alguns países como os EUA e a União Europeia anunciaram que consideram González como vencedor da eleição.
Os
Estados Unidos estão tentando negociar a concessão de uma espécie de perdão
político ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em troca de que ele aceite
deixar o poder, segundo uma reportagem do jornal "The Wall Street
Journal" deste domingo (11).
Washington
quer oferecer também garantias de que não perseguirá Maduro caso ele aceite
reconhecer a vitória que a oposição alega ter tido nas eleições venezuelanas.
No
entanto, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse
nesta segunda-feira (12) que os EUA não fizeram uma oferta de anistia para
Maduro.
"Desde
as eleições, nós não fizemos nenhuma oferta específica de anistia a Maduro ou a
outros políticos. Não fizemos esse tipo de oferta a ele", afirmou Karine
Jean-Pierre.
A
fala da porta-voz do governo americano, de que não houve oferta, não exclui
necessariamente a possível existência de negociações por uma anistia, como
noticiado pelo "The Wall Street Journal". Nas falas dos
representantes também há o acréscimo do termo "após as eleições" ao
dizer que não houve oferta. Segundo fontes ouvidas pelo jornal americano, os
EUA haviam feito uma oferta de anistia a Maduro em negociações secretas
realizadas no ano passado em Doha, no Catar.
Os Estados Unidos acusam
Maduro de conspirar com aliados para levar cocaína aos EUA e, em 2020,
ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões (cerca de R$ 82,5 milhões) por
informações que facilitassem a prisão do presidente venezuelano. Caso a
negociação para Maduro deixar o poder seja bem-sucedida, Washington cancelaria
a recompensa, diz o "The Wall Street Journal".
Duas
semanas
As
eleições da Venezuela completaram duas semanas neste domingo, e a Justiça
eleitoral ainda não apresentou as atas de votação para justificar o resultado.
Além
da contagem paralela da oposição, uma contagem independente das atas eleitorais
feita pela agência de notícias Associated Press (AP) na semana passada com base
nessas atas indicou que González venceu o pleito com uma diferença de 500 mil
votos.
Diversos
países, incluindo Brasil e Estados Unidos, vêm cobrando de Caracas a divulgação
das atas. No sábado (10), a Suprema
Corte da Venezuela iniciou uma auditoria das eleições e afirmou que
o resultado será "inapelável".
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