(*)
Valter Bernat
Proclamada
a independência do Brasil em 1822, estabeleceu-se a Constituição de 1824, que
dizia em seu artigo 163:
“Na
Capital do Imperio, além da Relação, que deve existir, assim como nas demais
Provincias, haverá tambem um Tribunal com a denominação de – Supremo Tribunal
de Justiça – composto de Juizes Letrados, tirados das Relações por suas
antiguidades; e serão condecorados com o Titulo do Conselho. Na primeira
organisação poderão ser empregados neste Tribunal os Ministros daquelles, que
se houverem de abolir..” (ortografia da época)
Notem
que o “Supremo Tribunal de Justiça” era composto por “Juízes letrados…”, o
que hoje, não faz mais sentido, basta vermos as indicações dos últimos
presidentes: nenhum juiz ou ex-juiz, exceção feita à última indicação de Lula,
Flávio Dino.
O
Supremo Tribunal de Justiça era então composto por 15 Juízes – eu disse
“Juízes” – nomeados pelo Presidente da República, mas já com a posterior
aprovação do Senado. Após a Revolução de 1930, o Governo Provisório decidiu
reduzir o número de ministros para 11. Durante os 21 anos de Regime Militar, o
número de ministros do STF aumentou para 16, a fim de diluir o poder dos
ministros indicados por João Goulart e Juscelino Kubitschek. No entanto, pelo
AI-5, restabeleceu-se o número de 11 ministros no STF.
Em
xxx anos de história, o STF já teve xxx ministros. Por favor, não há aqui
nenhuma alusão ou referência ao artigo respectivo do Código Penal (171), é
apenas uma coincidência.
Vamos
pegar o período a partir da chegada do atual decano Gilmar Mendes. Vale lembrar
que o decano não é mais velho no tribunal, e sim o que entrou há mais tempo
para a Corte. Gilmar Mendes é mais novo que Fux e Cármen Lúcia, mas entrou há
21 anos, em 2002. Tempo superior ao de Fux (2011), e de Cármen (2016).
Nos
últimos 21 anos, incluído o agora indicado Flávio Dino, foram 19 indicações de
ministros para o STF. Destes, 10 se aposentaram, 1 morreu – Teori Zavascki.
Em
razão da regra constitucional da idade limite para os ministros, há um problema
que nos salta aos olhos: se for indicado um ministro com menor idade, ele vai
muito mais longe em sua permanência no Tribunal. Como exemplo, Dias Toffoli
ficará 34 anos no STF.
Com
a atual indicação de Flávio Dino, iremos viver um momento que não vivíamos há
21 anos, porque, se nada acontecer de anormal, só teremos outra indicação em
2028 quando da aposentadoria de Fux. Teremos uma certa estabilidade nos
ministros do STF por 5 anos. Se isso será bom ou ruim, só o tempo dirá, mas não
espero muita coisa.
A
aliança entre políticos e o STF é a maior ameaça à democracia brasileira.Já
estamos sofrendo, atualmente, nas mãos de um STF altamente politizado, que
muitas vezes abusa do seu poder e extrapola sua competência, com decisões
monocráticas absurdas, que contrariam nossa Constituição.
Como
podemos ter um país justo quando a Corte mais alta já deixou claro que defende,
em sua maioria, um viés específico? O ativismo judiciário tem que acabar!
A
indicação de Flávio Dino para o STF agrava ainda mais ainda esta situação. Dino
é, e sempre foi, acima de tudo, um político de esquerda. Foi Juiz de Direito
por 12 anos, até ser eleito deputado federal. Foi eleito e reeleito governador
do Maranhão, pela esquerda. Foi o primeiro filiado do PCdoB a governar um
estado da federação. Foi eleito senador em outubro de 2022 e indicado Ministro
da Justiça em dezembro de 2022. Eu diria: pelo menos ele é juiz de carreira!
Evidentemente,
como ministro do Supremo, Dino vai continuar atuando como político de esquerda,
defendendo os interesses do seu grupo e deixando a Corte ainda mais enviesada,
continuando com o lado político que defendeu durante toda sua vida, mesmo que
queira negar e dizer que será imparcial. Óbvio que não irá esquecer suas
origens e, principalmente, quem o indicou.
O
STF deve proteger a Constituição e agir de forma imparcial. Definitivamente, o
STF não é lugar para políticos!!!
O
PT terá indicado 8 dos 11 ministros atuais. É mais do que a maioria absoluta…
É
a ditadura do Judiciário em curso no país.
(*)
Advogado, analista de TI e editor do site O Boletim
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