(*) Larissa Almeida
Tema
de canções de Luiz Gonzaga, Geraldo Azevedo e Milton Cunha, o maior rio
brasileiro é tão popular que tem até apelido. Conhecido como Velho Chico, o Rio
São Francisco tem, na Bahia, uma mesorregião que conta com 32 cidades e
responde por 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB) total do estado, segundo dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do Vale
São-Franciscano da Bahia, que registrou PIB de R$ 19,8 bilhões em 2021,
conforme dado mais recente divulgado pela entidade.
Com
usos diversos para a sociedade, mais de 20 milhões de brasileiros vivem em toda
a bacia do Rio São Francisco. De acordo com Elba Alves, diretora-geral da
Agência Peixe Vivo, ligado ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
(CBHSF), só a cobrança por consumo da água movimenta uma arrecadação em torno
de R$49 milhões. No entanto, ela frisa que esse valor é praticamente irrisório
diante das riquezas que as águas da bacia franciscana produzem.
“A
água do São Francisco movimenta a produção de alimento, pesca e vestiário. Tudo
que transcorre nos setores econômicos que estão em torno da calha do Rio São
Francisco e dos seus afluentes gera uma economia muito grande. [...] A bacia
também motiva os povos de comunidades tradicionais quilombolas e indígenas, que
têm uma economia baseada na água, nas florestas e na agricultura”, destaca.
De
acordo com o IBGE, a bacia São Franciscana percorre 609 municípios em diversos
estados. O dado, contudo, difere do dado informado pelo Comitê da Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), que aponta que o rio percorre 505
municípios em seis estados (Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas e
Sergipe), além do Distrito Federal, de modo que sua bacia corresponde a 8% do
território nacional e abriga três biomas: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.
Diante
da sua amplitude, os municípios cortados pelo Velho Chico são divididos em
quatro regiões fisiográficas: Alto São Francisco, Médio São Francisco, Submédio
São Francisco e Baixo São Francisco. Para Ednaldo de Castro Campos, coordenador
da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco, que compreende 93 cidades
baianas, o rio é o centro de tudo.
“O
consumo humano é o primeiro ponto. Nós temos um projeto chamado Baixinha de
Irecê que, hoje, tem estimativa de produção de área irrigada – com as águas do
Velho Chico – de 47 mil hectares de soja, milho, feijão e cana-de-açúcar. No
Rio São Francisco também tem a produção de pescado, apesar de muitas espécies
estarem em processo de extinção. A navegação existe, ainda tem gente que leva o
comércio de Xique-Xique até Remanso, levando artesanato e pote. Quanto a
cultura, tem o carranqueiro que esculpe a carranca na madeira, tem o reisado,
as rezadeiras, que são fruto de uma manifestação que nasceram à margem do rio”,
detalha.
No
Alto São Francisco, que é composto por municípios de Minas Gerais, Goiás e
Distrito Federal, a produção de pescado nas águas do Velho Chico,
especificamente na região do município de Três Marias (MG), impacta alguns
municípios baianos, conforme conta Altino Rodrigues Neto coordenador da Câmara
Consultiva Regional do Alto São Francisco.
“A
jusante de Três Marias até praticamente na Bahia, em São José da Lapa, temos os
maiores berçários do Rio São Francisco no que diz respeito aos peixes. A pesca
artesanal e a pesca esportiva são muito praticadas, então os municípios baianos
se beneficiam infinitamente desses pescados, como o surubim, o dourado, o piau
e o pacamã”, conclui.
(*) Com
orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo/Correio 24 horas
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