Membros da Câmara Técnica de Outorga e Cobrança (CTOC) do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e o corpo técnico da Agência Peixe Vivo (APV) participam do primeiro encontro da capacitação de “Geração de série de vazões em bacias sem dados de monitoramento”.
A
primeira aula, que ocorreu de forma virtual, apresentou o cronograma pragmático
de aulas e introduziu ferramentas online que ajudam a medir e cruzar dados
territoriais e de bacias.
A
capacitação “Geração de série de vazões em bacias sem dados de monitoramento”
busca definir quantidades seguras para retirada de água e lançamento de
efluentes em um corpo hídrico. A quantidade de água a ser retirada de um rio,
seja ela para os fins de irrigação e consumo, a garantia dos processos ecológicos
e serviços ambientais, e a devolução de efluentes são alguns exemplos de
parâmetros a serem considerados e adotados diante o monitoramento.
O
coordenador da CTOC e presidente do Movimento Verde de Paracatu (MOVER), Tobias
Vieira, destaca a importância de haver uma capacitação como essa, já que os
valores e conceitos de referência poderão ser mais destrinchados e
esclarecidos. “Iremos compreender ainda mais como são gerados os conceitos de
vazão de referência. Nós identificamos como que são feitas as metodologias de
geração da área de contribuição de uma bacia hidrográfica, como é feito o
cálculo dessa vazão de referência, quais plataformas que conseguimos utilizar
para extrair informações tais como diária de contribuição, quantidade de
afluentes e por aí vai. Muitas pessoas não tiveram ainda contato com esse tipo
de metodologia, com esse tipo de cálculo, mas naturalmente, com essa
capacitação, essas mesmas pessoas poderão se aprofundar, amadurecer e entender
o tema e como é feito”, disse Vieira.
De acordo com o coordenador da CTOC, muitos afluentes do Rio São Francisco ainda não possuem valores de referência, como vazão mínima ou histórica. Portanto, ao final da capacitação, os membros poderão analisar quais metodologias são mais adequadas para a coleta de dados. “Com esse curso, começamos a entender como são feitos os diversos tipos de cálculos que são aplicados nos estados e nas suas bacias. Por exemplo, Minas Gerais usa a Q710, já a Bahia usa a Q95, que são vazões de referência, metodologias para se chegar a um tipo de cálculo. E eu acho que isso vai ser bom no futuro, pois espero que no final do curso possamos realmente observar qual metodologia é a melhor, qual é a pior, ou qual está mais dentro ou distante da realidade” explicou.
O professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) e instrutor da
capacitação, Fernando Mainardi Fan, reforçou a importância de haver esses dados
para a gestão de recursos hídricos. “Para esse tipo de gerenciamento, muitas
vezes o que a gente necessita é de uma vazão de referência, que é um valor de
vazão, tipicamente baixo, que é o nosso limiar adotado para cálculos de quanto
água podemos retirar ou quanto poluente podemos lançar no rio”.
Mainardi
ainda irá apresentar técnicas de modelagem para obter séries contínuas, especialmente
fazendo a transformação da informação de chuva, que é a principal variável de
entrada nas bacias hidrográficas, para calcular o dado de evasão. Além disso,
os modelos irão calcular também outras variáveis, como evapotranspiração na
bacia hidrográfica. “A construção do curso vai desde o básico, do que são as
precipitações, até a regionalização de vazões para geração de dados pontuais. A
partir do processamento de séries contínuas vamos gerar vazões de referência,
na qual conseguimos extrapolar esse dado para outros pontos sem medição. Para
finalizar, faremos a geração de séries históricas a partir das modelagens
disponíveis”, explicou o professor Fernando.
O
curso possui 5 módulos: 1) Fundamentos básicos de balanço hídrico em bacias
hidrográficas; 2) Variáveis componentes do balanço hídrico e meios para sua
obtenção ou estimativa; 3) Vazões mínimos de referência e seu emprego em gestão
de recursos hídricos; Principais modelos hidrológicos para a geração de séries
contínuas de vazão média diária; e 5) Prática de modelagem hidrológica
utilizando modelo concentrado e modelo distribuído.
Com informações da página da CHESF
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