Por: Rafael Damas/Notícias ao minuto
O
câncer de próstata é o segundo tipo mais comum no país, ficando atrás apenas do
câncer de pele não melanoma. Em 2020, quase 16 mil brasileiros morreram com a
doença e, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), são estimados
71.730 novos casos da doença no país para o triênio de 2023 a 2025.
O
diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura, que podem
chegar a 90%, segundo o Inca. Por isso, criou-se o Novembro Azul, uma campanha
que visa alertar a população sobre a necessidade de realizar exames periódicos
e cuidar da saúde de forma integral.
No
entanto, há muitas dúvidas, medos e preconceitos em relação ao câncer de
próstata e aos seus métodos de detecção. Pensando nisso, o Dr. Carlo
Passerotti, coordenador do Centro Especializado em Urologia do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz, esclarece quais são os mitos e verdades sobre o assunto:
1. O câncer de próstata
é uma doença exclusiva entre homens idosos.
Mito
O
câncer de próstata pode ocorrer em homens de qualquer idade, mas é mais
frequente a partir dos 50 anos, podendo ocorrer até mesmo antes dos 40 anos.
Aproximadamente 62% dos casos são diagnosticados em pacientes acima dos 65
anos, portanto a vigilância deve começar mais cedo. Além disso, fatores como
familiares e obesidade podem aumentar o risco da doença.
2. Minha família não
tem antecedentes de câncer de próstata, portanto minhas probabilidades de
desenvolver essa doença são muito baixas.
Mito
Apesar
de um histórico familiar positivo dobrar as chances de ter a doença, cerca de
85% dos casos ocorrem em homens sem parentes com câncer de próstata. Hábitos
alimentares, obesidade e estilo de vida, além também de idade, pode determinar
o aparecimento da neoplasia. Portanto, todo homem deve ficar atento aos sinais
e fazer os exames recomendados pelo médico.
3. A ausência de
qualquer sintoma indica a ausência de câncer de próstata.
Mito
O
câncer de próstata é uma doença silenciosa, que geralmente não apresenta
sintomas iniciais. Quando eles surgem, podem ser confundidos com outras
condições, como infecção urinária ou hiperplasia benigna da próstata. Os
sintomas mais comuns são: dificuldade para urinar, jato urinário fraco ou
interrompido, urgência para urinar, dor ou ardor ao urinar, sangue na urina ou
no sêmen, dor na região pélvica ou lombar e disfunção erétil. Portanto, é
essencial realizar exames regulares.
4. O exame de PSA,
somente, é capaz de identificar a presença de câncer de próstata.
Mito
O
exame de PSA (Antígeno Prostático Específico) é um teste sanguíneo que avalia
os níveis desse antígeno no sangue, o qual é produzido naturalmente pelo tecido
prostático e está presente tanto na corrente sanguínea quanto no sêmen. É
importante destacar que o PSA pode estar elevado em diversas situações, como
infecções, inflamações ou crescimento benigno da próstata.
Portanto,
um nível elevado de PSA por si só não é suficiente para diagnosticar o câncer
de próstata, mas serve como um forte indicativo para a realização de outros
exames. Por outro lado, um PSA baixo não descarta completamente a possibilidade
de câncer de próstata, sendo necessário considerar outros fatores e realizar
uma avaliação médica completa para obter um diagnóstico preciso.
5. Um nível elevado de
PSA pode garantir, a presença de câncer de próstata.
Nem sempre
Como
já mencionado, o PSA pode estar alto por outros motivos que não o câncer. Além
disso, existem casos em que o PSA está normal e o homem tem câncer de próstata.
Por isso, é importante avaliar outros fatores, como idade, histórico familiar e
resultados anteriores do PSA.
6. Ter um nível baixo
de PSA não implica necessariamente a ausência de câncer de próstata.
Nem sempre
Cerca
de 15% dos homens com níveis normais de PSA têm câncer de próstata. Além disso,
alguns tumores de próstata podem não produzir PSA ou produzir em quantidades
muito baixas, dificultando a sua detecção.
7. O exame de toque
retal é necessário mesmo quando o PSA é realizado.
Verdade
O
exame de toque retal é um procedimento simples, rápido e indolor, para palpar a
próstata e verificar se há alterações em seu tamanho, forma ou consistência.
Ele é essencial para complementar o exame PSA, pois permite identificar lesões
que podem não ser detectadas pelo teste de sangue. Além disso, ele pode ajudar
a definir a necessidade e a localização da biópsia da próstata, que é o único
exame capaz de confirmar o diagnóstico de câncer. Portanto, ambos os exames
devem ser realizados juntos para uma detecção eficaz, uma vez que são
complementares.
8. Manter ou não uma
vida sexual ativa, usar cueca apertada ou passar muito tempo sentado provoca
câncer de próstata.
Mito
Esses
fatores não têm nenhuma relação com o desenvolvimento de tumores de próstata. O
que pode influenciar o risco da doença são hábitos como tabagismo, alcoolismo,
alimentação inadequada e sedentarismo. Inclusive, alguns estudos indicam que
uma vida sexualmente ativa pode até reduzir o risco de neoplasia de próstata.
9. Não há sintomas de
câncer de próstata em estágio inicial.
Verdade
Normalmente,
isso é verdade. No entanto, alguns homens podem apresentar sintomas urinários
devido ao envelhecimento e ao aumento da próstata, que ocorre com o passar dos
anos. Sintomas como dificuldade miccional, aumento da frequência urinária,
esvaziamento incompleto e acordar durante a noite para urinar podem ocorrer
simultaneamente e causar confusão, podendo ser decorrentes da hiperplasia
benigna da próstata. Portanto, é importante consultar um médico urologista para
esclarecer a causa dos sintomas e realizar os exames adequados.
10. O câncer de próstata não é curável.
Mito
O
câncer de próstata tem cura sim, desde que seja diagnosticado precocemente e
tratado adequadamente, as chances chegam a 90% de cura. Existem diversas opções
de tratamento para o câncer de próstata, como cirurgia, radioterapia,
braquiterapia, hormonioterapia e quimioterapia. A escolha do tratamento depende
do estágio da doença, das características do tumor, da idade e das condições
clínicas do paciente. O objetivo do tratamento é eliminar o tumor, preservar a
função sexual e urinária e evitar as complicações da doença.
11. Não existe
prevenção para o câncer de próstata.
Verdade, porém
Não
existe uma forma de prevenir o câncer de próstata, mas existem medidas que
podem reduzir o risco ou facilitar a detecção precoce da doença. Entre elas
estão: manter uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras e cereais
integrais; diminuir a gordura da dieta e ingerir alimentos que contenham
licopeno (tomate); praticar atividade física regularmente; evitar o consumo
excessivo de álcool; não fumar; realizar consultas médicas periódicas e fazer
os exames de rastreamento conforme a orientação do médico.
12. Traumas na região peniana aumentam os riscos de câncer de próstata.
Mito
Não
há evidências científicas que comprovem essa relação. Os traumas na região
peniana podem causar dor, sangramento, infecção ou deformidade do órgão, mas
não aumentam o risco de câncer de próstata.
13. Transexuais
femininas precisam fazer exame de próstata.
Verdade
Sim.
Mulheres transgênero, travestis e pessoas não binárias também devem fazer os
exames de próstata conforme a recomendação médica. Isso porque elas ainda têm a
glândula prostática e podem desenvolver câncer nela. O uso de hormônios
femininos pode reduzir o tamanho da próstata e os níveis de PSA, mas não
elimina totalmente o risco da doença.
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