Foi por esse DNA que, dez anos tarde, quando os governos comunistas europeus foram obrigados a se apear ou foram jogados para fora do lombo das sociedades que tinham como montaria, o partido e seus congêneres na América Latina criaram o Foro de São Paulo em iniciativa de Lula e Fidel Castro. E o fizeram com as confessadas intenções que todos conhecem: recuperar aqui o que foi apeado de lá.
O passado deixa seus sulcos nas faces das pessoas, na vida das sociedades e em seu futuro. São eles que determinam muito de nosso presente. Por que o fazem, se noutras partes do mundo o comunismo, como tal, foi abandonado? Até a China mantém uma rígida ditadura, mas deixou referências ideológicas de lado, virou capitalista e rapidamente tirou da miséria mais de meio bilhão de chineses. A Rússia, faz a mesma coisa. Os países que integravam a desventurada franja da antiga “Cortina de ferro” deixaram a ideologia de sua miséria e submissão no lixão do passado e prosperam com a liberdade e a operosidade de seus povos. Na Ásia sobraram Vietnã, Laos e a patética Coreia do Norte.
O pior comunismo do Ocidente sobrevive como inspiração e ensaios de poder no Brasil e em nossas cercanias ibero-americanas. Nossos afetos e afagos vão para Cuba, Nicarágua, Venezuela e para qualquer ditadura de esquerda que se destaque por antiamericanista e anticapitalista como faziam os grêmios estudantis dos anos 60 do século passado. Àquela época nos arrastam.
É por isso que Lula, um comunista de gostos “modestos”, como se sabe, e desapegado dos bens materiais, proclama: “Muito dinheiro nas mãos de poucos, como era antes, é concentração de renda. Pouco dinheiro nas mãos de muitos é distribuição de riqueza”. Falácia! É preciso que haja mais dinheiro nas mãos de uns que de outros para que os investimentos produtivos sejam privados e não estatais. Pouco dinheiro nas mãos de muitos ou de todos, como delira o esquerdismo que acabei de mencionar, é receita de miséria e opressão perenes e crescentes. Sem exceção, todas as experiências o evidenciam desde 1917.
(*) Arquiteto,
empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Membro da Academia Rio-Grandense de
Letras. Escreve, semanalmente, artigos para vários jornais do Rio Grande do
Sul, entre eles Zero Hora, além de escrever o seu próprio blog e em outros
websites de expressão nacional, a exemplo do Mídia Sem Máscara, Diário do
Poder, Tribuna da Internet. Sua coluna é reproduzida por mais de uma centena de
jornais.
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