O médico
desmente estigmas e desinformações, enfatizando a importância da aderência ao
tratamento prescrito, a adoção de um estilo de vida saudável e a regulação do
sono
Neste
dia 26 de março, comemora-se o Dia Mundial de Conscientização Sobre a
Epilepsia. Aproximadamente três milhões de brasileiros são afetados por essa
doença neurológica, que ainda é cercada por diversos mitos que influenciam a
percepção das pessoas. Para elucidar e discutir os principais mitos e estigmas
associados à epilepsia que persistem na sociedade, o neurologista e professor
do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Pedro Roriz, destaca os desafios e
necessidades que os pacientes enfrentam no seu cotidiano.
Os
principais desafios estão relacionados a estigmas e desinformação. "A
epilepsia ainda é cercada por estigma e mitos. Muitas pessoas não entendem a
condição e podem ter medo ou preconceito em relação aos pacientes. Isso pode
dificultar o acesso a serviços de saúde e apoio. Outro grande problema é o
acesso a medicamentos. Garantir o acesso contínuo a medicamentos
antiepilépticos é essencial para o controle das crises. O acesso a
especialistas também é um problema frequente. O tratamento multidisciplinar
envolve neurologistas, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais
de saúde", afirma Roriz.
Mitos
Segundo
o neurologista, existem muitos mitos e informações erradas que contribuem para
o preconceito e estigma em relação aos pacientes com epilepsia. "O
primeiro é que a doença é contagiosa ou hereditária. A epilepsia não é
contagiosa e não é transmitida de pessoa para pessoa. Além disso, nem todos os
casos têm base genética. Um segundo equívoco é pensar que as pessoas com
epilepsia não podem dirigir ou trabalhar, mas sabemos que com tratamento
adequado e controle das crises, muitas pessoas com epilepsia podem dirigir e
trabalhar normalmente. As restrições variam conforme o país e a legislação local.
Outro mito é considerar a epilepsia com uma sentença de incapacidade.
Entretanto, com tratamento adequado, muitas pessoas com epilepsia levam uma
vida plena e produtiva. O estigma deve ser combatido para que todos tenham
oportunidades iguais. Para combater esses mitos e estigmas, é essencial educar
a sociedade sobre a epilepsia, promover a conscientização e inclusão",
complementa o neurologista.
Causas
e diagnóstico da Epilepsia
Roriz
também acrescenta que as causas mais comuns de epilepsia são traumatismo
craniano, histórico familiar, infecções, como meningite, e doenças
neurológicas, como a Síndrome de West. O diagnóstico de epilepsia é clínico e
baseado na avaliação dos sintomas e exames complementares. "Se você ou
alguém próximo apresentar sintomas sugestivos, consulte um neurologista para
avaliação adequada. Alguns exames e procedimentos que podem ajudar no
diagnóstico são: eletroencefalograma (EEG), que registra a atividade elétrica
do cérebro; tomografia e ressonância magnética, que avaliam alterações
cerebrais; e filmagem das crises. Gravar as crises com o celular ajuda a
identificar o tipo de episódio e o tratamento adequado", frisa o médico.
Tratamento
O
neurologista explica que o tratamento para epilepsia visa diminuir a frequência
e a intensidade das crises epilépticas. "Algumas opções de tratamento
disponíveis incluem o uso de medicamentos anticonvulsivantes. Geralmente, o uso
desses medicamentos é a primeira opção de tratamento, e muitos pacientes
conseguem controlar as crises apenas com a ingestão diária desses
medicamentos", destaca.
"Outra
opção é a estimulação do nervo vago, uma técnica que pode ser utilizada como
substituto ou complemento ao tratamento medicamentoso. Um pequeno dispositivo,
semelhante a um marcapasso, é implantado sob a pele no peito e conectado ao
nervo vago no pescoço. A corrente elétrica que passa pelo nervo pode ajudar a
aliviar até 40% a intensidade das crises, mas pode causar efeitos colaterais
como dor de garganta ou sensação de falta de ar. E ainda há a Dieta Cetogênica,
frequentemente utilizada no tratamento da epilepsia em crianças. Essa dieta
aumenta a quantidade de gorduras e reduz os carboidratos, fazendo com que o
corpo utilize a gordura como fonte de energia. Isso diminui o transporte de
glicose pela barreira cerebral, reduzindo o risco de crises. Lembrando que cada
caso é único, e o tratamento deve ser personalizado pelo neurologista de acordo
com o tipo e gravidade da epilepsia", afirma o médico.
Gestão
da condição
Existem algumas medidas preventivas que as pessoas com epilepsia podem adotar para gerenciar melhor sua condição e reduzir o risco de crises. "É essencial seguir corretamente o tratamento com medicamentos antiepilépticos prescritos pelo médico. Não se deve interromper o uso sem orientação. Deve-se evitar o consumo excessivo de álcool, pois pode desencadear crises. Ter uma alimentação regular e evitar jejuns prolongados é importante. Além disso, é essencial dormir o suficiente e evitar a privação de sono", finaliza o neurologista Pedro Roriz.
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