O
presidente Lula acaba de subir mais um patamar na sua carreira de delinquente
político internacional – possivelmente, o projeto pessoal que mais tem
interessado a ele nesta sua terceira passagem pela Presidência da República. É
um caso de “superação”, como se diz nos cursos de autoajuda. Depois de todas as
vergonhas que fez questão de passar na cena mundial, em seu primeiro ano de
governo, começa o segundo empenhado em superar a si próprio no esforço
concentrado para tornar-se o maior e mais rancoroso defensor das ditaduras do
planeta.
É
ditadura? Lula é a favor – e o Brasil se vê jogado, por causa disso, na
cracolândia diplomática dos regimes fora da lei, inclusive aquelas em que o
presidente da República é procurado pela Interpol (com US$ 15 milhões de prêmio)
por tráfico internacional de drogas.
Lula
foi o único chefe de Estado de algum país que se apresenta como uma democracia
que saiu dizendo que a eleição da Venezuela vai ser limpa, honesta e
democrática.
Em
seu último ataque, Lula deu apoio público ao ditador da Venezuela há 11 anos,
Nicolás Maduro, na farsa absoluta que eles chamam de “eleições presidenciais”
de julho. Nenhum país democrático do mundo acha que essa eleição vale de fato
alguma coisa – e nem poderia valer, considerando-se que a candidata da oposição
foi proibida de concorrer pelo TSE deles. Precisa dizer mais alguma coisa?
Como
respeitar uma eleição em que o único candidato real é o ditador do momento –
com sua polícia, seu exército e sua corte suprema? Mais: o mero anúncio de uma
data para a eleição, agora em julho, foi saudado por Lula como uma vitória da
democracia. Marcar o dia da eleição, só isso, já seria então um grande favor?
Até a Coreia do Norte tem data marcada para a sua próxima eleição. E daí? O
problema não é a data. É quem pode concorrer, e quem conta os votos.
Lula
foi o único chefe de Estado de algum país que se apresenta como uma democracia
que saiu dizendo que a eleição da Venezuela vai ser limpa, honesta e
democrática. Ninguém fez isso, é claro – só mesmo as Angolas, Palestinas e os
outros suspeitos de sempre. É nessa companhia que o Brasil está enfiado hoje.
Lula fez da nação que preside um foco de hostilidade automática contra as
democracias do Primeiro Mundo – e um ponto de encontro para as ditaduras mais
selvagens que há por aí. O povo brasileiro, pelas decisões dos seus cidadãos,
gosta dos Estados Unidos, da Europa, do Canadá, da Austrália, do Japão. Lula
quer que goste de Cuba, da China e da Venezuela. Não fecha.
O
presidente, no caso da Venezuela, fez de novo o que mais sabe fazer na vida:
atirar nos feridos. É coisa de instinto. Não se contentou em bajular Maduro e
em dizer que a sua palhaçada é uma “eleição democrática”. Também fez questão de
debochar da vítima, que jamais lhe fez nada de mal. Disse que Corina Machado, a
candidata proibida de concorrer, fica “chorando”, enquanto ele, o macho alfa,
“lançou um candidato” para concorrer em seu lugar na eleição de 2018.
Levou
uma resposta humilhante de Corina; foi lembrado por ela que lutar contra uma
ditadura não é choradeira. Mas Lula é isso aí mesmo. Conseguiu dizer que a
culpada pela nova aberração eleitoral de Maduro é Corina, que está sendo
perseguida com base na força bruta, e não a ditadura que manda na Venezuela há
25 anos. Vai fazer coisa pior.
Fonte: Gazeta
do Povo
(*) José Roberto Guzzo,
mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos
jornais O Estado de São Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da
qual integra também o conselho editorial.
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