O
anúncio da saída do diretor de uma escola de ensino médio parisiense, ameaçado
de morte, após uma discussão com uma aluna para obrigá-la a retirar o véu
muçulmano, provocou uma onda de indignação. O caso levou até o
primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, a declarar, na noite de quarta-feira
(27), que vai processar a jovem por “denúncia caluniosa”.
“O
Estado, a instituição, estará sempre ao lado de seus agentes, de quem está na
linha de frente face a estes ataques ao secularismo, face a estas tentativas de
influência islâmica em nossos estabelecimentos de ensino”, afirmou Gabriel
Attal em entrevista ao canal de TV TF1, depois de ter recebido o diretor da
escola juntamente com a ministra da Educação, Nicole Belloubet.
“Decidi
que o Estado vai apresentar queixa contra esta jovem por denúncia caluniosa”,
declarou. “Não devemos deixar nada passar”, afirmou o primeiro-ministro que
lembrou as mortes de Dominique Bernard e Samuel Paty, dois professores mortos em ataques islâmicos.
O
diretor “simplesmente fez seu trabalho” ao pedir “a uma jovem que aplicasse a
lei, ou seja, que retirasse o véu no estabelecimento escolar”, sublinhou
Gabriel Attal, se baseando na lei de 2004, que proíbe o uso de símbolos religiosos ostentosos nas escolas.
O
funcionário da escola acabou sendo alvo de ameaças de morte nas redes sociais
desde a discussão com uma aluna matriculada em uma escola de ensino médio
profissionalizante, em 28 de fevereiro.
Uma
investigação foi aberta em Paris por assédio cibernético. Um jovem de 26 anos,
da região parisiense, foi preso e deve ser julgado em 23 de abril, por ameaçar
o diretor de morte na internet.
Comoção
Duas
denúncias já foram apresentadas, uma da estudante, "por violência que não
resultou em incapacidade para o trabalho", e outra do diretor "por
ato de intimidação contra pessoa que participa no cumprimento de missão de
serviço público para obter isenção das regras que regem este serviço".
A
denúncia da estudante, que já não frequenta o estabelecimento, segundo Gabriel
Attal, foi indeferida por “crime insuficientemente caracterizado”, indicou o
Ministério Público de Paris.
Um
mês depois dos acontecimentos, o diretor deixou o cargo “por motivos de
segurança”, segundo mensagem enviada terça-feira (26) a professores, alunos e
pais pelo novo chefe do estabelecimento.
A
administração das escolas, disse que o diretor não renunciou, mas que se
aposentou antecipadamente, “alguns meses” antes, “diante dos acontecimentos que
marcaram estas últimas semanas”.
Da
esquerda à extrema direita, parlamentares lamentaram um “fracasso” diante do
“movimento islâmico”. “Não podemos aceitar isso”, declarou o líder dos
deputados socialistas, Boris Vallaud, denunciando “um fracasso coletivo”.
A
prefeita de Paris, Anne Hidalgo, disse que estava “consternada”, mas
“compreende” a decisão “de se proteger”, segundo o seu gabinete.
(Com
informações de agências)
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