Recentes
acontecimentos envolvendo um político, um radialista, um servidor público e um
renomado economista de uma cidade no norte da Bahia, me fez relembrar de uma das passagens mais
triste e negra da história da política brasileira – O coronelismo.
O nordeste e a saga do coronelismo persistente
Apesar de passados mais de cem anos, vários Estados nordestinos brasileiros ainda carregam impregnados a oligarquia e o coronelismo como fenômenos políticos, dentre esse podemos citar os Estado do Ceará, e a família Gomes, a Paraíba com o Alvarismo e o Epitacismo. Na Bahia, os Magalhaes e por ai vai....
Para
explicar o que foi o coronelismo tomou emprestado um artigo do Daniel Neves Graduado
em História publicado no site história do mundo.
O coronelismo
foi prática comum no Brasil durante a República Velha e permitiu o
fortalecimento das oligarquias e também a opressão da população através da
força dos coronéis.
Campos
Sales (1902-1906), presidente que criou a política dos governadores e
fortaleceu o coronelismo no Brasil *
O coronelismo é uma prática sociopolítica brasileira típica do início do século XX, no período chamado de República Velha (1889-1930), quando os chamados “coronéis” exerciam o poder local sobre as camadas que não detinham o poder na sociedade a fim de garantir votos em troca de favores das esferas políticas locais, estaduais e federais.
Origens
As
origens do coronelismo remontam ao século XIX, com o desenvolvimento da Guarda
Nacional, quando os cargos de confiança foram nomeados de acordo com relações
de influência e troca de favores, assim sendo, grandes proprietários de terra
que eram leais ao governo recebiam o cargo de coronel para exercer o
controle local. A medida que o tempo avançou, todo chefe político local passou
a ser chamado pelos sertanejos de coronel. A respeito do poder do coronel,
podemos dizer que:
“(...) O coronel seria um elemento eminentemente eleitoral, cuja liderança política se exercitava em decorrência da sua liderança econômica; e o argumento para que o seu poder se legitimasse estaria no aliciamento de eleitores e no preparo das eleições. Todavia, a nível local, o coronel seria um organizador do seu mundo, inseparável da sociedade agrária, protetor do "camponês", para quem era o protetor e o mandão, e articulador da sociedade local ao sistema político, econômico e social. Dessa forma, o poder do coronel derivaria mais do seu prestígio e da sua honra social, tradicionalmente reconhecidos, do que da sua situação econômica”.|1|
O
coronelismo, portanto, foi se desenvolvendo ao longo do século XIX, existente
tanto nos meios rurais como nas cidades, foi resultado das desigualdades e
precariedades existentes na sociedade brasileira e encontrou no período
da República
Velha as condições necessárias para prosperar.
Voto de cabresto e troca de favores
O
desenvolvimento eleitoral em esferas municipais permitiu aos coronéis ampliar
seus poderes, pois atuavam diretamente no arrebanhamento de votos para os
candidatos que possuíam apoio do governo estadual ou mesmo federal. Como os
coronéis em geral possuíam uma força militar considerável, eles poderiam
utilizar a força e o medo para coagir a população a votar em determinado
candidato. Importante lembrar que o voto durante a República Velha não era
secreto, o que permitia um maior controle dos coronéis sobre as votações. A
partir do aliciamento de votos, os coronéis garantiam uma série de favores que poderiam
ampliar seu controle político e/ou econômico local, mas que também poderia
incluir favores simples como “um par de sapatos, uma vaga no hospital ou um
emprego de professora”|2|.
A
influência do coronelismo também foi marcante nesse período em razão da prática
da política dos governadores iniciada pelo presidente Campos
Sales (1902-1906), que era nada mais que a utilização da troca de favores
e do voto de cabresto como forma de garantir o poder das oligarquias,
que eram os grupos que exerciam o controle político e econômico naquele
período. O poder dos coronéis e a influência do coronelismo variava de região
para região do Brasil, portanto, a extensão do poder dos coronéis nunca era
uniforme. Há exemplos onde a influência e o poder dos coronéis eram muito
fortes, como no interior da Bahia e outras regiões do Nordeste, mas também
haviam regiões onde esse poder era dependente de uma estrutura mais complexa,
que poderia ser dos próprios governos estaduais ou de partidos políticos
locais.
O
coronelismo enquanto prática sociopolítica se enfraqueceu a partir da Revolução
de 1930, quando as mudanças implantadas por Getúlio Vargas, tais como a
dissolução das câmaras municipais e dos congressos estaduais, além das
nomeações de homens de confiança de Getúlio Vargas como interventores
(governadores) para os Estados, geraram uma centralização de poder, que acabou
por enfraquecer as Oligarquias e, por consequência, também os coronéis.
Notas
|1| FORTUNATO,
Maria Lucinete. O coronelismo e a imagem do coronel: de símbolo a simulacro do
poder local. 2000. 225 f. Tese (Doutorado em História Social) – Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, p.
29.
|2| FAUSTO,
Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2013, p. 226.
(*) Professor e analista político
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