As
últimas semanas trouxeram más notícias para a esquerda em São Paulo. Pesquisas
de intenção de voto – Datafolha, Paraná e Real Time – mostraram o candidato do
PSOL, Guilherme Boulos, em empate técnico ou atrás do prefeito Ricardo Nunes
(MDB) nas simulações, especialmente para o segundo turno. À primeira vista, a
disputa parece bem dividida, mas um olhar mais cuidadoso mostra que Nunes
entrará na campanha como o favorito à reeleição.
Um
deputado do PT resumiu bem o sentimento ao ver os números: nesta época do ano,
com os transtornos das chuvas, os prefeitos geralmente perdem popularidade. Mas
Nunes está crescendo. Do outro lado, aliados do prefeito se mostram cada vez
mais otimistas.
A
razão para o favoritismo de Nunes está em sua taxa de aprovação – não apenas o
dado atual, mas o potencial de crescimento durante a campanha. Este não é um
governo popular, mas também não é um governo odiado. A maioria da população não
tem uma forte opinião formada sobre o prefeito, até há pouco tempo um
desconhecido para a maior parte do eleitorado. Segundo o Datafolha, 43% avaliam
o governo como regular, índice que tende a diminuir conforme a campanha traga
os pontos fortes e fracos de sua gestão.
Somando
o índice regular com o número dos que já aprovam a gestão de Nunes (29%,
segundo o Datafolha), percebe-se que há espaço para que a aprovação de Nunes
supere os 40% ou até os 50%. Os números de hoje do Datafolha são muito
parecidos com os que Bruno Covas exibia a poucas semanas de sua reeleição –
quando teve 59% dos votos válidos em segundo turno.
Boulos,
portanto, precisará ir além de simplesmente tentar colar a imagem de Nunes à de
Jair Bolsonaro. Boulos terá de criticar a gestão de Nunes e, mais que isso,
provar para o eleitorado que pode ser um administrador melhor para a cidade.
Nunes não tem experiência de campanha como prefeito, mas, ainda assim, a tarefa
de Boulos parece improvável.
A
se confirmar esse cenário, será importante prestar atenção à reação do PT e do
governo. Lula se envolverá pessoalmente na disputa de São Paulo, trazendo ares
de referendo sobre sua gestão. Uma derrota de Boulos em São Paulo, ainda que
causada por fatores locais, tende a aumentar a preocupação do governo com o
avanço do bolsonarismo e as chances de reeleição do próprio Lula em 2026. Se isso
ocorrer em um período de queda da popularidade do governo – o que também parece
provável -, pode aumentar o ruído sobre a política econômica, com maiores
pressões sobre Banco Central, Petrobras e política fiscal.
As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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