Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - Foto reprodução
A
Polícia Federal intimou Jair Bolsonaro (PL) a prestar depoimento nesta
quinta-feira (22). O ex-presidente é alvo de investigação que apura uma trama
golpista para mantê-lo no poder, mesmo com a eleição do presidente Lula (PT).
Advogados
do ex-presidente tentarão adiar o testemunho e devem apresentar uma petição
ainda nesta segunda-feira (19) com o pedido.
Além
de Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro e
ex-candidato a vice-presidente, general Walter Braga Netto, foram intimados a
prestar depoimentos, que deverão ocorrer entre quinta e sexta-feira (23), no
âmbito da mesma investigação.
Investigadores
deflagraram no último dia 8 de fevereiro a operação Tempus Veritatis para
apurar o caso.
Na
ocasião, agentes prenderam ex-assessores do ex-presidente e cumpriram mandados
de busca e apreensão. Bolsonaro foi obrigado a entregar seu passaporte. fase
final de redação uma petição
A
operação é um dos principais reveses para Bolsonaro no cerco judicial que
enfrenta desde que deixou a Presidência, em dezembro de 2022.
O
ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), escreveu em
decisão autorizando a operação que está "comprovada a materialidade"
dos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e
de tentativa de golpe de Estado.
Moraes
diz que Bolsonaro teve acesso e pediu modificações em uma minuta do golpe que
lhe teria sido apresentada pelo ex-assessor Filipe Martins, preso na operação
do dia 8. "Os elementos informativos colhidos revelaram que Jair Bolsonaro
recebeu uma minuta de decreto apresentado por Filipe Martins [então seu
assessor] e Amauri Feres Saad para executar um golpe de Estado, detalhando
supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo."
As
informações que embasaram a operação foram coletadas nas investigações no
âmbito do inquérito das milícias digitais, que corre no STF, e na delação de
Mauro Cid.
As
mensagens analisadas pela PF apontam, segundo Moraes, que em novembro de 2022
Bolsonaro abandonou a ideia de aceitar a derrota nas urnas para "analisar
a possibilidade de 'virada de jogo', como defendido por alguns militares,
empresários e integrantes de seu governo".
Durante
a busca e apreensão na sede do PL, os policiais encontraram, no gabinete de
Bolsonaro, um documento não assinado com justificativa para a decretação de
estado de sítio no país.
"Afinal,
diante de todo o exposto, e para assegurar a necessária restauração do Estado
Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das
quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de
1988, declaro o estado de Sítio (sic) e, como ato contínuo, decreto operação de
garantia da lei e da ordem", diz o texto.
O
documento é similar a um encontrado no celular de Cid ainda em 2023.
Em
nota, a defesa de Bolsonaro afirma que o texto encontrado estava originalmente
no aparelho de Cid apreendido ainda no ano passado, e que os advogados do
ex-presidente tiveram acesso aos arquivos por eles serem elementos da
investigação.
Bolsonaro,
segundo a defesa, desconhecia o conteúdo das minutas encontradas no aparelho de
Cid e pediu aos advogados que as encaminhassem para seu aparelho.
Os
documentos da operação também mostram que Cid e outras pessoas monitoraram a
agenda e o deslocamento de Moraes. Segundo a polícia, o objetivo era que o
ministro fosse preso assim que ocorresse o golpe de Estado.
Em
meio às investigações da PF, Bolsonaro chamou apoiadores para um ato na avenida
Paulista no próximo domingo (25).
No
vídeo que começou a circular entre aliados no dia 12, Bolsonaro pede aos
apoiadores que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de
apoio ao que chama de "estado democrático de direito". "Nesse
evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à
minha pessoa nos últimos meses", afirmou.
O
ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema
eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal
Federal). Neste momento, ele está inelegível ao menos até 2030.
Ao
longo de seu mandato, a principal estratégia de confronto do presidente foi a
de questionar a segurança das urnas eletrônicas, sistema usado desde 1996 e
considerado eficiente e confiável por autoridades e especialistas no país.
Ele
nunca apresentou provas ou indícios para questionar as urnas, mas repetiu o
discurso golpista, visto como uma tentativa de esconder problemas do governo, a
alta reprovação e as pesquisas que o colocavam atrás do hoje presidente Lula.
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